quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Críticos mal informados

Este ano a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou sua Campanha da Fraternidade com o tema Fraternidade e Amazônia: vida e missão neste chão, na Ilha do Combú, uma comunidade ribeirinha bem em frente à UFPA. “Uma vez lançada, a Campanha da Fraternidade não é só da Igreja Católica, mas também de todas outras religiões e da sociedade como um todo. A nossa meta é envolver o Brasil nesta discussão, levar ajuda concreta e, no último domingo da Campanha, a população terá a chance de ajudar, doando recursos para um fundo da CNBB que transformará o que for arrecadado em ações sociais”, disse dom Odilo Sherer, secretário geral da CNBB, para o jornal Diário do Pará desta quinta.

A ministra do Meio-ambiente Marina Silva também marcou presença no lançamento da campanha: “O lançamento aqui nesta ilha (Combu) já possui uma simbologia muito forte, pois dá um recado ao mundo de que tudo é relacionado, que o que acontece aqui pode influenciar todo o resto. Desde que assumi, em 2003, tomamos como desafio o desenvolvimento sustentável da região amazônica, dividindo em quatro diretrizes”, afirmou em seu discurso, segundo o mesmo jornal.

Há três semanas, o mundo foi abalado com o relatório da ONU sobre o aquecimento global. A região amazônica é uma das que mais sofrerá os seus impactos, acarretando grandes tragédias em nível global. A Amazônia só aparece na mídia por assassinatos de líderes religiosos, ambientalistas e sem-terra; pelo trabalho escravo e/ou em condições desumanas; por nos últimos vinte anos ter tido uma área devastada equivalente ao território francês; pelo tráfico de mulheres para prostituição; pelo tráfico de animais silvestres; pela violência que alimenta o sadismo de nossas páginas policiais. É tudo verdade, nossa região é um mosaico de conflitos socio-ambientais.

Por isso fico perplexo quando vejo Carlos Nascimento, aprendiz de Boris Casoy, no Jornal do SBT, desdenhando do tema da campanha da CNBB. Eis o que ele disse: "A escolha do tema da campanha da fraternidade foi um ato político da CNBB. Está certo que a Amazônia é um tema que preocupa a todos nós, mas o que aflige a sociedade brasileira nesse momento é a violência nas grandes cidades". A primeira coisa que indigna é a noção de política desses "jornalistas". Fazer política é agir de forma dissimulada. Deve ser o convívio com as estrelas de Brasília. Depois, indigna perceber que a mídia sulcêntrica não sabe o que é a Amazônia. Pois a violência não está restrita a Rio e a São Paulo (as grandes cidades a que Nascimento se referiu), quando se fala em Amazônia é inevitável falar em violência de todos os tipos.

Desse jeito fica difícil acreditar que Carlos Nascimento se preocupa com a Amazônia, já que pelo visto só sabe o que passa nos documentários que mostram uma floresta e animais que lamentavelmente estão sumindo do mapa, para dar lugar a clarões de queimada, conflitos entre índios e grileiros, trabalho infantil, entre outras grandes violências.

Alan Araguaia

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigado por Blog intiresny