sábado, 17 de fevereiro de 2007

Chuva, tacacá e carnaval

Ontem choveu, tomei tacacá e sorvete de açaí. Ontem vi dançarinos de “break” na esquina da Avenida Nazaré com a Quintino Bocaiúva, pulando, saltando, girando. Algo inovador dentre as centenas de vendedores de balas, picolés, sorvetes:

- Obrigado - disse um dos rapazes ao receber dois reais da mão de meu amigo, Bruno.

Bruno adora tacacá com alho, chicória e o tucupi meio adocicado. Eu também. Aliás, eu adoro tacacá, especialmente no findar da tarde, após uma refrescante chuva do final de semana. Passeio pela cidade e vejo coisas diferentes todos os dias. A mesma esquina, dentro do ônibus, na universidade, todos os dias, o mesmo lugar, um lugar diferente.

A vendedora de revistas está lá, na mesma banca da esquina, no vai – e - vem de pessoas, e o mundo a passar. As pessoas vão, outras ficam. Rumam para um futuro incerto, cheias de esperanças, em outras cidades, outros países, outros costumes. Juliana, uma colega, partiu, uma outra etapa. E assim somos, o relógio sem parar, vamos vivendo.

Vemos os problemas de nossa cidade, questionamos “o que será de nós?”.

Qual será o nosso futuro? Nossa cidade está crescendo, cada vez mais. Migrantes chegam à capital rumo ao desejo de uma vida melhor. Devemos zelar mais pela nossa casa. Temos um péssimo hábito de jogar lixo no chão e de faltarmos com o respeito no trânsito. Nossos cinemas estão fechando e alguém é assaltado todos os dias.

Temos o tacacá, a maniçoba, o lundu, a lenda do Curupira, as mangueiras, o Círio de Nazaré e, o calor humano. Nossa cidade é bela, e cheia de contrastes. Não cuidamos da nossa casa, Belém, nossas calçadas mal-feitas. E a acessibilidade? O bondinho está lá, desde o Edmilson, Duciomar vai deixar para o próximo fazer? E o saneamento básico?

“O Liberal” publicou uma matéria hoje, dia 17, intitulada “Belém amanhece debaixo d`água”, no Caderno “Atualidades. Começa assim: “Os alagamentos infernizaram a vida da população da Grande Belém na manhã de ontem após mais de oito horas de chuvas”. Infernizaram? É algo dúbio de afirmar, pois se não chovesse, derreteríamos no calor, pois se não chovesse, nossas plantações morreriam e nossos rios secariam. Se não chovesse, as ruas não transbordariam e as casas alagariam.

De acordo com um mapeamento do Censo Democráfico em 2000, abordando a temática “Acesso às redes de água e esgoto no espaço intraurbano”, dados foram levantados em algumas capitais do país, incluindo Belém, onde somente 8 dos 72 bairros possuíam mais da metade dos domicílios ligados à rede geral. Nem os bairros nobres escaparam dessa estatística, pois apresentaram um percentual de ligação à rede geral que não chega a 60%. A média de atendimento dos bairros é baixa, não chegando a 18% do total dos domicílios.

Ainda há um grande fluxo de comércio informal, transporte ineficiente e, má conservação das árvores públicas, digam-se as mangueiras. O que será de nós? Somente o próximo político irá realizar, ou os que estão no governo lembrarão de dar educação, de garantir nossa segurança, saúde e manter nossas ruas limpas?

Estamos no carnaval, momento de festejar. É momento de fazer, dos nossos governantes olhar para nós, trazer dignidade ao povo. Mas não devemos somente sentar e esperar devemos fazer, cobrar, procurar nossos direitos e deveres. Fazer nossa parte. Afinal, carnaval é festa, podemos dançar “break”, tomar cerveja e merendar uma tapioquinha.

A solução está em nossas mãos, o carnaval será bom para brincar e refletir. Há 48 dias demos os vivas à 2007, temos a chance de mudar nossa cidade, nossa casa para melhor. Basta cada um fazer sua parte.

Comece jogando o lixo no lixo e respeitando o trânsito, isso já ajuda. Façamos nossa parte, e, tenha um bom carnaval!

Fabíola Corrêa

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