terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Manifesto

Desde 2005 a UFPA adotou uma nova arquitetura para seu sistema de redes de computadores: o backcone 2005. Nele todos os centros/núcleos ficam diretamente conectados ao SECOM, serviço de computação da universidade. Essa mudança permitiu enlaces Gigabit 1Gbps, ou seja, computadores muito mais rápidos e eficientes que antes. Mas isso foi privilégio de alguns centros somente, como o centro de ciências exatas, ciências biológicas, geociências, e é claro a reitoria. Mas isso não foi uma falha do SECOM, eles são responsáveis exclusivamente pela instalação do novo sistema (muito mais eficaz) nos centros, o que acontece de acordo com a solicitação e necessidade de cada um. O CLSC (antigo CLA), em que funcionam os cursos de Comunicação Social e Letras, é um dos centros que ainda possui a tecnologia antiga, funcionando com apenas 100mbps.

Agora, um curso de comunicação social em que a informação é peça principal para a profissão, e a tecnologia é o meio, hoje em dia, que melhor viabiliza essa informação, ainda se vê obrigado a trabalhar com computadores na maioria em péssimo estado e que demora horas pra abrir uma página e ainda por cima proibi o acesso a blogs e ortuk – objeto de várias pesquisas científicas.

Semestre passado foi ministrada no curso a disciplina Laboratório de Jornalismo Digital e Novas Mídia (que teve como um de seus produtos esse blog) ministrada pelo professor Lázaro Magalhães. Nela foram enfrentadas diversas dificuldades pelos alunos e pelo professor por conta dos bloqueios e da conexão de má qualidade. Os que não tinham banda larga em casa tiveram dificuldades maiores ainda. E isso, ou parte, pode ser resolvido de forma simples: basta a direção do centro fazer o pedido de instalação da tecnologia 1Gbps explicando a necessidade dela pro curso.

Ao Secom cabe encaminhar solicitações das coordenadorias às instâncias superiores da UFPA. A nós do centro cabe fazer com que essa solicitação seja feita.

Abraços

Nerusa Palheta

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Críticos mal informados

Este ano a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou sua Campanha da Fraternidade com o tema Fraternidade e Amazônia: vida e missão neste chão, na Ilha do Combú, uma comunidade ribeirinha bem em frente à UFPA. “Uma vez lançada, a Campanha da Fraternidade não é só da Igreja Católica, mas também de todas outras religiões e da sociedade como um todo. A nossa meta é envolver o Brasil nesta discussão, levar ajuda concreta e, no último domingo da Campanha, a população terá a chance de ajudar, doando recursos para um fundo da CNBB que transformará o que for arrecadado em ações sociais”, disse dom Odilo Sherer, secretário geral da CNBB, para o jornal Diário do Pará desta quinta.

A ministra do Meio-ambiente Marina Silva também marcou presença no lançamento da campanha: “O lançamento aqui nesta ilha (Combu) já possui uma simbologia muito forte, pois dá um recado ao mundo de que tudo é relacionado, que o que acontece aqui pode influenciar todo o resto. Desde que assumi, em 2003, tomamos como desafio o desenvolvimento sustentável da região amazônica, dividindo em quatro diretrizes”, afirmou em seu discurso, segundo o mesmo jornal.

Há três semanas, o mundo foi abalado com o relatório da ONU sobre o aquecimento global. A região amazônica é uma das que mais sofrerá os seus impactos, acarretando grandes tragédias em nível global. A Amazônia só aparece na mídia por assassinatos de líderes religiosos, ambientalistas e sem-terra; pelo trabalho escravo e/ou em condições desumanas; por nos últimos vinte anos ter tido uma área devastada equivalente ao território francês; pelo tráfico de mulheres para prostituição; pelo tráfico de animais silvestres; pela violência que alimenta o sadismo de nossas páginas policiais. É tudo verdade, nossa região é um mosaico de conflitos socio-ambientais.

Por isso fico perplexo quando vejo Carlos Nascimento, aprendiz de Boris Casoy, no Jornal do SBT, desdenhando do tema da campanha da CNBB. Eis o que ele disse: "A escolha do tema da campanha da fraternidade foi um ato político da CNBB. Está certo que a Amazônia é um tema que preocupa a todos nós, mas o que aflige a sociedade brasileira nesse momento é a violência nas grandes cidades". A primeira coisa que indigna é a noção de política desses "jornalistas". Fazer política é agir de forma dissimulada. Deve ser o convívio com as estrelas de Brasília. Depois, indigna perceber que a mídia sulcêntrica não sabe o que é a Amazônia. Pois a violência não está restrita a Rio e a São Paulo (as grandes cidades a que Nascimento se referiu), quando se fala em Amazônia é inevitável falar em violência de todos os tipos.

Desse jeito fica difícil acreditar que Carlos Nascimento se preocupa com a Amazônia, já que pelo visto só sabe o que passa nos documentários que mostram uma floresta e animais que lamentavelmente estão sumindo do mapa, para dar lugar a clarões de queimada, conflitos entre índios e grileiros, trabalho infantil, entre outras grandes violências.

Alan Araguaia

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

O terceiro Carnaval do Brasil

Como todo paraense sabe, dia de resultado do vestibular é inevitável ouvir Pinduca tocar na vitrola. Inevitável e divertido, pois essa marchinha tem a cara de felicidade e alívio dos calouros. Nesse sábado de Carnaval, fui à casa de uma prima, a Tetê, que um dia desses corria pelas ruas de calcinha com seu "cabelo de fuá", como falam na terra do meu pai, e naquele dia esperava ouvir o seu nome no listão da UFPA. Não ouviu, mas a comemoração estava garantida por ter passado em Administração na FAP. Tive que me apoiar na ponta dos pés para cumprimentá-la, preocupado em não sujar minha roupinha nova. A inflação corporal de minha prima não foi a única surpresa que tive aquele dia. Vi a minha madrasta se embriagar com dois míseros copos de caipirinha, e já estava tendo alucinações. Caipirinha lisérgica é uma novidade pra mim.

Mas voltando ao Pinduca: alguém esqueceu de apertar a tecla repeat para passarmos a tarde inteira ouvindo a marchinha do vestibular. Quando dei por mim, estávamos ouvindo a quarta faixa do disco. Quem conhece a música que fala "viva o soldado do Corpo de Bombeiros"? Nesse ínterim, meu pai lembrou que Pinduca é PM. A marchinha era simpática, e eu também tenho uma boa imagem dos bombeiros. Eles não estão envolvidos em tiroteios, ocupações militares, não te param na rua exigindo documento... eles são militares "do bem" pelo que me parece.

Só fiquei curioso com a terceira ou quarta faixa, em que Pinduca afirmava com veemência que o Pará tem o terceiro Carnaval do Brasil. A primeira coisa que pensei: onde estou com a cabeça que não percebi? Lembrei que a gravação provavelmente é dos anos oitenta, época em que Pinduca despontou como o Rei do Carimbó, controversamente, segundo uma certa velha guarda do ritmo. Mas ainda assim, não consegui conceber como um dia esse estado que já teve de tudo, teve também o terceiro maior Carnaval do país. Seria mero ufanismo pinducano? Seria baseado em uma pesquisa duvidosa, como aquela que apontou o Remo como dono da maior torcida do Norte?

Seja como for, o Pará está em queda livre há mais de cem anos. Nessas horas eu penso na música da banda-de-uma-nota-só Mosaico de Ravena, Belém-Pará-Brasil. Um retrato da desertificação que presenciamos, da flora, fauna e cultura amazônicas. Não defendo a preservação incondicional, mas um rejuvenescimento que está faltando. Falta dinheiro, falta criatividade, falta vontade. Vontade mesmo, só de ir embora. Última perda: o Cinema Nazaré. Já que a prefeitura adotou o Olímpia, que tal o governo do Estado adotar o Nazaré? É uma idéia. Quem sabe não passa um documentário sobre a Belém dos antigos carnavais?

Hoje é quarta de cinzas, e sempre desce o pano. É hora de trabalhar.

Alan Araguaia

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Chuva, tacacá e carnaval

Ontem choveu, tomei tacacá e sorvete de açaí. Ontem vi dançarinos de “break” na esquina da Avenida Nazaré com a Quintino Bocaiúva, pulando, saltando, girando. Algo inovador dentre as centenas de vendedores de balas, picolés, sorvetes:

- Obrigado - disse um dos rapazes ao receber dois reais da mão de meu amigo, Bruno.

Bruno adora tacacá com alho, chicória e o tucupi meio adocicado. Eu também. Aliás, eu adoro tacacá, especialmente no findar da tarde, após uma refrescante chuva do final de semana. Passeio pela cidade e vejo coisas diferentes todos os dias. A mesma esquina, dentro do ônibus, na universidade, todos os dias, o mesmo lugar, um lugar diferente.

A vendedora de revistas está lá, na mesma banca da esquina, no vai – e - vem de pessoas, e o mundo a passar. As pessoas vão, outras ficam. Rumam para um futuro incerto, cheias de esperanças, em outras cidades, outros países, outros costumes. Juliana, uma colega, partiu, uma outra etapa. E assim somos, o relógio sem parar, vamos vivendo.

Vemos os problemas de nossa cidade, questionamos “o que será de nós?”.

Qual será o nosso futuro? Nossa cidade está crescendo, cada vez mais. Migrantes chegam à capital rumo ao desejo de uma vida melhor. Devemos zelar mais pela nossa casa. Temos um péssimo hábito de jogar lixo no chão e de faltarmos com o respeito no trânsito. Nossos cinemas estão fechando e alguém é assaltado todos os dias.

Temos o tacacá, a maniçoba, o lundu, a lenda do Curupira, as mangueiras, o Círio de Nazaré e, o calor humano. Nossa cidade é bela, e cheia de contrastes. Não cuidamos da nossa casa, Belém, nossas calçadas mal-feitas. E a acessibilidade? O bondinho está lá, desde o Edmilson, Duciomar vai deixar para o próximo fazer? E o saneamento básico?

“O Liberal” publicou uma matéria hoje, dia 17, intitulada “Belém amanhece debaixo d`água”, no Caderno “Atualidades. Começa assim: “Os alagamentos infernizaram a vida da população da Grande Belém na manhã de ontem após mais de oito horas de chuvas”. Infernizaram? É algo dúbio de afirmar, pois se não chovesse, derreteríamos no calor, pois se não chovesse, nossas plantações morreriam e nossos rios secariam. Se não chovesse, as ruas não transbordariam e as casas alagariam.

De acordo com um mapeamento do Censo Democráfico em 2000, abordando a temática “Acesso às redes de água e esgoto no espaço intraurbano”, dados foram levantados em algumas capitais do país, incluindo Belém, onde somente 8 dos 72 bairros possuíam mais da metade dos domicílios ligados à rede geral. Nem os bairros nobres escaparam dessa estatística, pois apresentaram um percentual de ligação à rede geral que não chega a 60%. A média de atendimento dos bairros é baixa, não chegando a 18% do total dos domicílios.

Ainda há um grande fluxo de comércio informal, transporte ineficiente e, má conservação das árvores públicas, digam-se as mangueiras. O que será de nós? Somente o próximo político irá realizar, ou os que estão no governo lembrarão de dar educação, de garantir nossa segurança, saúde e manter nossas ruas limpas?

Estamos no carnaval, momento de festejar. É momento de fazer, dos nossos governantes olhar para nós, trazer dignidade ao povo. Mas não devemos somente sentar e esperar devemos fazer, cobrar, procurar nossos direitos e deveres. Fazer nossa parte. Afinal, carnaval é festa, podemos dançar “break”, tomar cerveja e merendar uma tapioquinha.

A solução está em nossas mãos, o carnaval será bom para brincar e refletir. Há 48 dias demos os vivas à 2007, temos a chance de mudar nossa cidade, nossa casa para melhor. Basta cada um fazer sua parte.

Comece jogando o lixo no lixo e respeitando o trânsito, isso já ajuda. Façamos nossa parte, e, tenha um bom carnaval!

Fabíola Corrêa

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

O anjo-mensageiro do Carnaval

Tenho o hábito pouco saudável de frequentar um café cibernético aqui perto de casa. É um ambiente hostil em todos os sentidos, tanto pelos frequentadores, em grande maioria atraídos pel0s jogos em rede, quanto pelos donos, se é que posso chamá-los assim, pois já vi bem uns dez caras e meninas recebendo o dinheiro, os quais não tiram os olhos dos seus joguinhos e eméssenes nem para te atender (parece que fazem um favor em te ceder uma máquina).

Se assemelham àqueles funcionários de grandes lojas de departamento e supermercados, os quais, bem estabelecidos no mercado do capitalismo selvagem, não se preocupam em tratar os clientes com simpatia. Eu certamente não sou uma prioridade ali, alheio que sou às suas práticas e rituais. A música ambiente - na verdade, ensurdecedora - é a eletrônica, claro, daquela de mais baixa estirpe e alta velocidade de batidas por segundo.

O próprio espaço físico é claustrofóbico: escuro, com um permanente cheiro de detergente e pouco asseado, apesar (ou por causa) disso. Nesse muquifo todos se conhecem, falam em códigos estranhos, gritam por cima da música, riem o riso das hienas, se intrometem nas atividades dos outros... ali sou um cisto, um tumor maligno que só faz mal a si mesmo. Me sinto nada à vontade nesse lugar, ao qual recorro quando o concorrente ao lado (que tem uma interface bem mais amigável) está com todos os seus computadores ocupados.

Hoje vi uma cena que me fez rir comigo mesmo enquanto derivava pelo mundo do orkut. Um japa cabeludo entrou na sala e, cheio de graça infantil, perguntou para o jogador ao meu lado:

- Égua, o que é isso aí?! Jogo, é? Pô, muito firme. Tu és esse cara de espada aí, é? Pode crer! Égua, tem até esqueleto nesse jogo!

O japa tinha o inconfundível estilo dos malacos de Belém (sem sentido pejorativo), o que me causou uma estranha impressão que na hora não soube definir, mas agora sei que era a inusitada combinação de oriental com jovem de periferia em Belém. O rapaz moreno de cabelos oxigenados ao meu lado ou não ouviu o curioso ou ficou completamente desconcertado com a forma intrusiva que aquele estranho no ninho se comportava (acredito mais na segunda hipótese, pois flagrei uma expressão tensa no garoto). Por outro lado, o divertido japonês não parava de falar, sobre a bola que tinha acabado de bater, o mendigo figura que encontrou lá fora, e, principalmente, do seu fascínio pelo mundo novo dos jogos virtuais. Após tirar inúmeras graças com os jogadores profissionais, sentou-se ao lado do cara que ora atendia o pessoal e foi direto ao ponto:

- Porra cara, gostei dessa história aí. Me ensina a jogar, velho! Muito firme, doido.

- É muito chato ensinar a noobs (não sei se é assim que se escreve) - respondeu o outro, taciturno e tímido do alto de seus um metro e oitenta. Observei o triste rapaz, e divaguei sobre o que ele faria fora do mundo de bits. Fiquei deprimido por ele.

-Noob? Ah, é o cara que não sabe jogar? Ê rapá, eu aprendo rápido! - disse o japonês, mostrando perspicácia. Eu apostaria cem reais que ele aprende rápido mesmo.

Saiu do lugar com a mesma intespetividade com que entrou. A euforia do seu espírito não cabia na aridez reinante, e foi procurar outra coisa para se assombrar e se excitar novamente. Tenho convicção de que vi um homem que vive como poeta, sátiro, boêmio, e lamentava pela nossa tristeza, a mesma dos bêbados abandonados no balcão de um bar ao alvorecer. Não queria aprender nada, quis apenas nos ensinar como faz bem aproveitar o dia claro que iluminava tudo lá fora.

"Carnaval, desengano
deixei a dor em casa me esperando
e brinquei, me pintei, e fui
vestido de rei

Quarta-feira
sempre desce o pano (...)

No Carnaval, esperança
de gente longe viva na lembrança
que gente triste possa entrar na dança
e gente grande saiba ser criança"
(Chico Buarque de Hollanda, Sonho de um Carnaval)

Alan Araguaia

Um puta debate

"Não se assustem se ainda esse ano Duciomar Costa sair da Prefeitura algemado",
Juvêncio de Arruda

"Eu acho um absurdo que apenas o Lúcio Flávio e o Juvêncio enfrentem essas verdadeiras quadrilhas da política e da imprensa no Pará"
Giseli de Oliveira

"Eu me deformei em música pela UFPA"
Pio Lobato

"Na internet, as pessoas não buscam apenas o sentido, mas também o sentir. O sentir junto."
Fabrício Mattos

"Na China, quarenta ativistas pela internet livre e vinte e um jornalistas estão presos"
Lázaro Magalhães

O debate de ontem foi marcado por uma clima descontraído, "sem frescura", como pediu o Lázaro. Não assistimos a palestrantes, fizemos um conversão mesmo. Houve até quem se empolgasse demais: "quem nunca deu uma trepadinha na praia???" Parabéns a todos, em especial ao Lázaro pela iniciativa. Em breve, uma reportagem mais detalhada sobre o debate, que levantou muitas outras questões.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

O kibeloco é um sucesso!



Hoje iremos apresentar um trabalho sobre o blog jornalístico humorístico Kibeloco durante o seminário de Novas Mídias no auditório do Centro de Letras e Artes da UFPA. O blog Noticia a mídia e a política brasileira de maneira sarcástica e irônica. Antônio Tabet, seu autor, faz um tremento sucesso na net, conseguiu até um emprego no programa do Luciano Huck. Não perdoa ninguém. É engraçado e possui um enorme senso de humor. Acima, sua série BBBizarro.

Fabíola Corrêa

Dizem as más línguas...

Olhando música, andando pelo passado e cheirando o futuro, resolvi postar alguns diálogos que lembrei agora.

Dizem que, certa feita, Picasso estava fazendo uma exposição em que uma das obras era Guernica.
Um militar alemão chega pra ele e fala:
- Me diga... Foi você quem fez isso?
Pablo olha e responde:
- Não. Foi você.

Em outra ocasião, chegou um cara num bar e disse:
- Cartola, você é imortal rapaz!
Cartola pensativo:
- Imortal? Só se for porque eu não tenho onde cair morto...

Vicent Van Gogh estava pintando uma das cadeiras de sua tela "O Quarto" e um jovem aproximou-se dele e disse:
- O que significa você pintar uma cadeira?
Van Gogh respondeu:
- Eu não sei. O que você acha?
- Não sei... Acho que está aí para alguém sentar.
Van Gogh disse:
- Meus parabéns. Você acabou de sentar nela.

Jaime Ovalle (paraense, boêmio, cultivava amigos como Vinícius de Morais), estava bebendo num bar com os amigos. Um deles tinha um olho de vidro, e resolveu colocar no copo de Jaime sem ele perceber. Depois de alguns goles e risadas...
- Olha rapaz, acho que vou pedir outro uísque, este aqui não pára de me olhar...

Abraço a todos

Fabrício Mattos

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

A mídia debate as novas mídias


"Estamos hoje frente a um esgotamento de um modelo de exibição de imagens". A declaração é do jornalista Nelson Hoineff, e foi veiculada agora a pouco na versão televisionada do Observatório da Imprensa, que passa na TV Cultura, toda terça por volta de dez e meia da noite, horário de Belém. Infelizmente cheguei a tempo de ver apenas o último bloco do programa que hoje trazia um tema particularmente interessante para nós, blogueiros e usuários da web: o papel dos sites na democratização da informação. O título do debate foi de feliz escolha, contrastando com o tom apocalíptico de seu mediador, o jornalista Alberto Dines (que pelo menos ideologicamente parece não ter saído do tempo da Olivetti). Quem acompanha os seus artigos no site do Observatório pode constatar a visão corporativista e protecionista de Dines em relação à imprensa tradicional. Sempre mais preocupado em sapecar o presidente Lula (o que também deve ser feito) do que em "observar a imprensa", propriamente. O site é uma boa dica de leitura, em todos os sentidos.

Pois bem, mal sintonizei o canal 2 e lá estava o velho Dines levantando a mais importante questão do advento da web, em sua opinião: "a universalização dos jornalistas com esse mundo de blogs faz com que a função essencial a que o jornalista se propõe enfraqueça, e com isso a responsabilidade pelo que é publicado". Desculpem se a frase estiver descontextualizada, mas pelo que eu conheço do Dines aposto que é isso mesmo que ele quis dizer. Está mais preocupado com o seu emprego de jornalista do que com a nova lógica da comunicação. Sei de pouquíssimos blogueiros que se intitulam jornalistas. De onde ele tirou essa conversa de universalização? E que função essencial é essa que sai enfraquecida? E por último, a irresponsabilidade pelo que é publicado seria um privilégio dos blogueiros? Sobre a veracidade das informações, acredito que no campo moral alguns blogueiros tenham uma desculpa: despreparo e desinformação. Quanto aos jornalistas, geralmente publicam mentiras em jornais e revistas por absoluta falta de ética (ou de personalidade para questionar o editor).

No bloco que acompanhei, a única coisa que ouvi de Dines foi essa frase cortada. Vez ou outra a câmera focalizava nele e captava sua expressão de descontraída atenção aos debatedores. O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), relator do projeto de lei que criou o processo judicial virtual, informa as comodidades do serviço: "o internauta pode fazer uma petição no seu escritório e automaticamente ir para o fórum". Antônio Tavares, presidente do Comitê Gestor de Internet no Brasil, que já começou errado ao falar em legislação para "limitar a internet" teve sua imaginação atiçada pelo que ouvia do colega de bancada: "Você pode ouvir um presidiário na cela. É fantástico para a segurança da sociedade". Tavares disse que o comitê está criando um código de conduta para administrar a web, que pretende reunir o máximo possível de setores sociais. Coisa vaga isso... é esperar pra ver.

O outro integrante do debate era o colunista de informática de O Globo Carlos Alberto Teixeira. Pelo que observei, deu opiniões mais realistas do que legalistas. Acompanhe: "O Youtube é uma idéia de sucesso, que já vem sendo copiada. A tendência é explodir. Ainda não temos noção de como vai ser importante essa explosão da webTV para o futuro das comunicações. (...) No momento em que o usuário tiver a consciência de como fazer um vídeo, postar na internet, ele terá um espaço que não tem nos meios de comunicação tradicionais".

São fatos, e como milhões de pessoas, estamos nos valendo dessa nova conjuntura. Sim, também me preocupo com o futuro da classe jornalística! (afinal, daqui a um ano, espero integrá-la). E também acho que a lei deve estar atenta à Internet, assim como a tudo que acontece no mundo (olha o aquecimento global aí... pauta da semana passada na imprensa, já tá esfriando). Mas a Internet está longe de ser uma ameaça ao mundo, como o crescimento industrial ilimitado. Muito pelo contrário.

P.S.: se tiver oportunidade, apareça no auditório do Centro de Letras e Artes da UFPA nesta quinta (15/02), e participe de um debate com alguns "militantes da web" de Belém. O tema em questão será "Cultura digital: arte, comunicação e descontrole". Estarão presentes o músico Pio Lobato, que nos mostrará um pouco de seu som digital. O blogueiro e jornalista Juvêncio Arruda, do Quinta Emenda e Giseli Vasconcelos, do Coletivo Aparelho. O evento encerra as atividades deste semestre no Laboratório de Jornalismo Digital e Novas Mídias, ministrado pelo professor Lázaro Magalhães. A programação começa às nove da manhã!


P.S.2: se a sua conexão não for Lentox como a minha, assista ao compacto da semana e de programas anteriores do OI na TV.

P.S.3: para quem quiser saber mais do que vem sendo falado sobre a enxurrada de besteiras na web, leia essa detonação da Wikipedia pelo jornalista Luiz Weis.


Alan Araguaia

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Violência. Estamos acostumados com isso?



Diariamente nos defrontamos com noticias assombrosas, fatos terríveis... São desgraças infindáveis que nos fazem acreditar que o inferno é mesmo aqui.
Assistir o jornal na hora do almoço faz até passar a fome, é muita coisa ruim junta... Filha que mata pai, bandido que queima família, gente morrendo, sofrendo, chorando.

A função social dos meios de comunicação, que deveria ser de chamar atenção da sociedade, e conscientizar o cidadão, perdeu-se.
Acabamos nos acostumando com a violência, banalizando-a, tornando normal, comum. E terminamos acomodados, sem perder o apetite enquanto assistimos, com uma naturalidade macabra, à gama de notícias ruins.

Segundo Cristopher Lasch, os meios de comunicação em massa facilitam “a aceitação do inaceitável”. Acabam amortecendo o impacto emocional dos acontecimentos, neutralizando a crítica e os comentários.

A violência alcança gradativamente uma aceitabilidade social, ao ponto de ficarmos chocados no dia que houverem somente boas notícias, sem sensacionalismo ou violência, pois isto sim, será novidade.

Enquanto isso, permanecemos acomodados, refeitos de uma conformação inaceitável. O efeito disso a longo prazo é a perda de sensibilidade, uma “brutalização” emocional.
Contudo, preferimos continuar estagnados, sem nada fazer e sem lembrar que na vida omissão e ação têm o mesmo resultado.


Natascha Damasceno

Falando em cinema...



Mais uma do ambiente blogosférico. Já ouviram falar do blog Pasmos Filtrados? Exclusivamente escrevendo sobre cinema, o blog contém resenhas sobre lançamentos, clássicos, animações, filmes nacionais, americanos, asiáticos (só para citar alguns), além de falar sobre a arte da sétima arte. Possui um texto muito bem escrito, dividido em seções como a lista de top`s - top 5 momentos sensuais, top 5 cenas na casa de banho,etc - e matérias ilustradas. Seu autor Francisco Mendes é um cinéfilo estudioso, tanto que seu blog recebe diversos comentários e acessos diários. Conheça, veja, leia, acesse.

Fabíola Corrêa

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Dorothy se foi há dois anos. E nós?

Defensora dos direitos igualitários sobre a propriedade da terra, a missionária norte-america Dorothy Stang foi assassinada há dois anos no Município de Anapu, oeste paraense. Região conhecida por conflitos agrários, líderes rurais, religiosos e outras pessoas que "perturbem" a ordem dos grandes empresários de terra, têm suas vidas um preço único: 10 mil, 30 mil ou quem sabe 50 mil reais, dependendo do seu status.

Para o pistoleiro, é só mais um número, para o empresário uma "dor-de-cabeça" a menos, para as famílias das vítimas, um perda e, para a Justiça Brasileira, mais um caso sem solução.

Quantas Dorothy`s morrerão até que as coisas mudem? Dezenas, centenas, milhares? Não sabemos, mas temos certeza que do jeito como as coisas caminham, não dá para continuar. É uma banalização do valor à vida, do poder, da ganância, da desigualdade social.

O bispo do Xingu, Dom Erwin Krautler recebeu ameaças de morte por seu trabalho contra os conflitos no campo e luta pelos direitos humanos, em dezembro de 2006. Qual será o seu destino? Qual será o nosso destino? Estamos fadados a matar-nos uns aos outros, apropriando terras, desmatando áreas, destruindo a floresta e as vidas humanas até quando?

Até quando viveremos assim? Não há solução, estamos em "terra sem lei?”.

Fabíola Corrêa

domingo, 11 de fevereiro de 2007

A nossa casa vai virar sertão! Pior, Saara!

Deu no último relatório da ONU sobre mudanças climáticas: a temperatura global aumentará em 3 graus celsius até o fim deste século. Parece pouco, afinal, aqui na cidade dos canais fedidos estamos acostumados a uma variação de temperatura entre 25 e 42 graus... mas garanto que os outros dados irão assustá-lo: isso signfica que 10% das espécies existentes hoje entrarão em extinção.

Quando falamos em "espécies em extinção", dificilmente atinamos para o fato de que também somos uma espécie, e que estamos no mesmo barco dos "inferiores". Essa concepção tem ligação direta com a nossa concepção de meio-ambiente. Construimos uma fronteira ilusória entre o mundo natural e a sociedade. A julgar pela histeria nos jornais e revistas, o debate sobre aquecimento global no Fórum Econômico Mundial, a ficha começa a cair, ou, como diria uma professora minha atenta à dinâmica contemporânea, "os créditos começaram a rolar".

Mas e aí? Somos diariamente bombardeados com notícias chocantes que não nos deixam mais chocados. Menino é morto após ter sido arrastado por quilômetros. Pinguço bate com a testa no asfalto e se estrepa. Bebê encontrado na lagoa dentro de um saco. Não acredito que notícia sobre aquecimento global (que diabo é isso, meu filho?) irá nos tirar da anestesia geral. "Ih rapaz, daqui pro fim do século? Até lá eu nem tô mais vivo!" Risadas generalizadas. A revista "Istoé" diz que alguma coisa é preciso ser feita agora. Nenhuma declaração dos maiores emissores de gases poluentes do mundo. Quem acredita nesse teatro?

Talvez uma última informação desse relatório faça alguém pensar: só a temperatura da Amazônia aumentará em dez graus até os anos sessenta do século XXI. Em termos mais explícitos, a região se converterá em um imenso deserto (e em um rentável parque arqueopaleontológico). Imagine! Hoje já resmungamos por causa desse calor de rachar, imagine quando estivermos pra lá dos cinquenta graus. Ah, esqueçam. O maluco que continuar por aqui não vai ter tempo nem de franzir a testa. Destaques da "Istoé" sobre essa catastrófica previsão: o resto do mundo vai se dar mal sem a floresta amazônica. Ou a imprensa sulista ignora a nossa existência, ou não está nem aí para os mais de cinco milhões de amazônidas que vão ficar desabrigados. Depois dizem que temos complexo de inferioridade... rs.

Alan Araguaia

Elucubrações

Um dia desses uma amiga me disse que gostaria que seu namorado se especializasse em paisagismo, mas que urbanismo é uma área bem mais importante para a sociedade. Eu, sem hesitar, respondi-lhe que “não, o paisagismo, para mim, teria tanta importância quanto o urbanismo”. Provavelmente existem vários que discordam de mim, mas acredito que esse é um movimento novo que define bem a sociedade pós-moderna: a valorização da sensação e dos prazeres (o que indicaria a valorização do paisagismo), em detrimento de uma razão utilitarista e funcionalista (o que seria representado pelo urbanismo?) – pensamento que permeou toda a modernidade, mas que talvez esteja sendo substituído por uma outra lógica de existência.

Enfim, a minha impressão é que as artes adquiriram um novo papel na sociedade (falo impressão porque não tenho conhecimento profundo sobre história da arte) e que o misticismo e a busca por sensações de prazer tem tomado um lugar de destaque na atualidade. Talvez seja isso o que Michel Maffesoli chame de reencantamento do mundo e talvez isso se encaixe à sua idéia de neotribalismo marcado pela busca de satisfações efêmeras. De outro lado um outro amigo passou a estudar em profundidade astrologia, achando que dessa maneira poderia decifrar a mim e outras pessoas....não creio que através de um livro - seja ele de astrologia, psicologia ou física quântica - alguém pode desvendar uma pessoa, mas quem sabe não valha a pena tentar?

“Mas então, ousei comentar, estais ainda longe da solução....
- Estou pertíssimo, disse Guillaume, mas não sei de qual.
- Então não tendes uma única resposta para vossas perguntas?
- Adso, se a tivesse ensinaria teologia em Paris.
- Em Paris eles tem sempre a resposta verdadeira?
- Nunca, disse Guillaume, mas são muito seguros de seus erros”.

Umberto Eco
O Nome da Rosa

Nerusa Palheta

Belém, 10 de fevereiro de 2007

Hoje é lua minguante. Segundo o horóscopo chinês, é o dia do cão:





Nome Chinês: GOU
Nome Japonês: INU
Horas: 19h às 21h horas
Direção: oeste-noroeste
Mês Favorável: abril (outono)
Elemento: Metal
Polaridade: Yang
Planeta Regente: Vênus
Metais: bronze
Pedras: diamante rosa
Erva: jasmim
Perfume: alfazema
Cores: rosa e azul
Flor: hortênsia
Planta: macieira
Número da Sorte: sete
Dia da Sorte: sexta-feira
Saúde: sistema nervoso e as extremidades dos membros inferiores.

Defeitos:
São freqüentes as crises de pessimismo e de nervos, pela própria natureza do signo, além de depressão e impotência diante das próprias ambições.

Características:
Dotado de uma criatividade artística sem limites, o nativo do Cão se realiza e realiza seus sonhos através da arte, atingindo cedo ou tarde a fama e o reconhecimento. Possui uma facilidade enorme de conquistar as pessoas e seduzir o sexo oposto, estando sempre à procura de uma grande paixão.Quando a encontra, dedica-se totalmente à pessoa amada, dando e exigindo na mesma medida. Valoriza muito o sexo e nada é mais estimulante para ele que encarar uma nova conquista, quanto mais difícil, melhor.Espalha bondade e otimismo ao seu redor, mantendo sempre em evidência sua popularidade. O romantismo e a força dos desejos são poderosos elementos motores que movem suas ações, principalmente porque buscam o belo e a harmonia nas pessoas, em decorrência da sua natureza sensível e apreciadora da estética perfeita. Hospitaleiro e cordial, sabe receber como ninguém, preocupando-se com o bem-estar de todos os seus convidados e, sendo o mais agradável possível com eles, algo comum para ele. Assim, devido a sua segurança, ele se torna o amigo preferido para a busca de um conselho e uma orientação. Sabe pesar muitos bem os prós e os contras, antes de chegar a uma conclusão ou tomar um partido. No amor é fiel e dedicado, embora um tanto pessimista e desconfiado. Quando se apega demasiado a uma pessoa, acaba criando uma dependência quase mórbida, que o torna ciumento e possessivo, incapaz de ver os aspectos positivos da relação. O medo de ser desprezado ou abandonado o aterroriza.

*Fonte: Horóscopo virtual

Diz uma lenda que os anos foram um presente de Buda aos animais que compareceram a sua festa de Ano Novo. Ele teria convidado vários deles, contudo somente doze compareceram: o macaco, o rato, o boi, o tigre, o coelho, o dragão, a serpente, o cavalo, o carneiro, o galo, o cão e o javali.

Para agradecê-los, Buda ofereceu a cada animal um ano, de acordo com a ordem de chegada dos convidados. Assim, cada ano lunar passou a pertencer a um animal, e as pessoas nascidas no período por ele regido herdam características inerentes à essência de seu caráter.

Assim, os nativos de Cão são fiéis, o Rato curioso, enquanto os de Serpente são fascinantes e misteriosos, e assim por diante.

A lua tem hoje sua fração iluminada do disco em 54%. Conforme o calendário lunar, o mês de fevereiro é assim:



*Fonte: As Fases da Lua

Seu tempo universal de hoje é às 09h51. Diz na Wikipedia que Tempo Universal Coordenado é:

"Chamado em inglês de "Coordinated Universal Time", ou UTC (acrônimo de Universal Time, Coordinated), também conhecido como tempo civil, é o fuso horário de referência a partir do qual se calculam todas as outras zonas horárias do mundo. É o sucessor do Tempo Médio de Greenwich (Greenwich Mean Time), abreviadamente GMT. A nova denominação foi cunhada para eliminar a inclusão de uma localização específica num padrão internacional, assim como para basear a medida do tempo nos padrões atômicos, mais do que nos celestes.

Ao contrário do GMT, o UTC não se define pelo sol ou as estrelas, mas é sim uma medida derivada do Tempo Atômico Internacional (TAI). Devido ao fato do tempo de rotação da Terra oscilar em relação ao tempo atômico, o UTC sincroniza-se com o dia e a noite de UT1, ao que se soma ou subtrai segundos de salto (leap seconds) quanto necessário. Os segundos de salto são definidos, por acordos internacionais, para o final de julho ou de dezembro como primeira opção e para os finais de março ou setembro como segunda opção. Até hoje somente julho e dezembro foram escolhidos como meses para ocorrer um segundo de salto. A entrada em circulação dos segundos de salto é determinada pelo Serviço Internacional de Rotação da Terra e Sistemas de Referência (IERS), com base nas suas medições da rotação da terra".

Para ler o texto na íntegra, acesse Wikipedia

Noite de barzinhos, confraternizações, comer pipoca assistindo o dvd "Taxi Driver", de Martin Scorcese datado de 1976, Robert de Niro na pele de Travis Bickle, um taxista da cidade de Nova York, veterano de Guerra, vê uma vida sem perspectivas rodeada pelo submundo caótico. Eis suas indicações e prêmios:

Prêmios concedidos:

* Cannes – Palme d'Or
* New York Film Critics Circle Award na categoria "Melhor Ator" – (Robert De Niro)
* BAFTA Award na categoria "Melhor Atriz Coadjuvante" – (Jodie Foster)
* BAFTA Award na categoria "Melhor Ator Estreante" – (Jodie Foster)
* BAFTA Anthony Asquith Award na categoria "Trilha Sonora" – (Bernard Herrmann)

Indicações:

* Oscar na categoria "Melhor Filme"
* BAFTA Award na categoria "Melhor Diretor"
* BAFTA Award na categoria "Direção" – (Martin Scorsese)
* DGA Award na categoria "Melhor Direção em Filme" – (Martin Scorsese)
* Oscar na categoria "Melhor Ator" – (Robert De Niro)
* Golden Globe na categoria "Melhor Ator - Drama" - (Robert De Niro)
* Oscar na categoria "Melhor Atriz Coadjuvante" – (Jodie Foster)
* Oscar na categoria "Melhor Trilha Sonora" – (Bernard Herrmann)
* Grammy Award na categoria "Melhor Roteiro Cinematográfico" – (Bernard Herrmann)
* BAFTA Award na categoria "Melhor Edição" – (Marcia Lucas, Tom Rolf, Melvin Shapiro)
* Golden Globe Award na categoria "Melhor Filme" – (Paul Schrader)
* WGA Award na categoria "Melhor Drama para Cinema" – (Paul Schrader)

*Fonte: Wikipedia

Bebendo uma "cervejinha", ou talvez um vinho, assistindo um filme, conversando com os amigos, olhando as estrelas.Seja o que for que esteja fazendo neste dia, tenha uma Boa Noite!

Fabíola Corrêa

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Blogueando em desenhos



Navegando por este infinito mundo de blogs, eis que surge algo interessante em minha frente: é o blog Diburros ("Dibujo", lê-se "diburro", palavra em Espanhol que significa "desenho" em português). Interessante por seus belos desenhos, genial pelo talento artístico e sarcástico pelas histórias e cartoons produzidas por Marcelo Braga. Esse desenho acima é uma das páginas da série “historinha”, que deve virar uma animação em parceria com uma produtora americana (clique em cima para ampliá-la). Suas produções vão desde personagens até desenhos de paisagens, viagens, reunião com os amigos, etc.Veja, vale a pena.

Fabíola Corrêa

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Desviando a atenção...

Na última quarta-feira, dia 07, o "Jornal Liberal Segunda Edição" divulgou aos seus telespectadores o resultado da ação popular movida contra as Organizações Rômulo Maiorana, sua veiculadora(veja detalhes sobre o convênio na entrevista com Regina Lima).

Se por um lado a ação popular foi considerada "improcedente", o convênio é eticamente inválido. O que a empresa quer dizer, afinal, com "fator de integração regional" ou "nenhum prejuízo aos cofres públicos"? Estou aqui me dirigindo a qualquer pessoa que tenha o mínimo de senso crítico em relação as disputas de poder que ocorrem na Amazônia contemporânea. Claro, tudo com uma pitada de ideologia e controle social relacionados aos grandes empresários e corporações que atuam na "Amazônia paraense".

Sei que este discurso pode parecer panfletário, mas ele é necessário para dar continuidade a um debate sobre a que ponto podem chegar os interesse privados em detrimento da causa pública.

Para concluir, gostaria de presenteá-los com um dos poucos direitos de resposta que a Rede Globo já deu em sua história: Leonel Brizola contra a Globo. Direito de reposta sendo lido no seu principal jornal, o "Jornal Nacional", e por um de dos maiores símbolos do "padrão globo de qualidade", o jornalista Cid Moreira.

No mínimo interessante (cáustico) e elucidador (geopolítico).




Fabrício Mattos

Liberdade ou Libertinagem de Imprensa?

Será que a liberdade de imprensa pode ultrapassar valores constitucionais como direito a honra, a privacidade e intimidade? Neste contexto é válido citar Daniela Cicarelli, que teve sua intimidade devastada por um vídeo em que a modelo e o namorado protagonizavam cenas tórridas de paixão no mar de Cádiz, na Espanha.

O casal ingressou com Ação na justiça alegando garantia da privacidade e solicitando a retirada do vídeo. A justiça determinou o bloqueio do YouTube, o maior site de compartilhamento de vídeos e imagens do mundo.A decisão teve uma repercussão gigantesca, causando furor na mídia e sociedade em geral. Além do furor, emergiu, com esse episódio a necessidade de se discutir uma legislação de controle para a Internet e de estabelecer até onde a imprensa pode chegar para não transformar a liberdade de expressão em libertinagem. Inquieta a dúvida, quem tem a razão?

Os sites que expuseram o vídeo e invocaram a liberdade de expressão, ou a modelo, ao invocadr o direito a privacidade? - recorremos a direitos funamentais: afinal não é razoável, em nome da liberdade de informação, invadir, sem mais razão, a privacidade de alguém, nem é possível garantir para alguém que optou por uma vida pública uma completa proteção a privacidade (ainda mais quando o cenário é um local público).

Contudo, devemos considerar o disposto na nossa lei maior, que é a Constituição Federal do Brasil e, que elenca em seu artigo 5°, incisos IV, V e X as limitações à Lei de Imprensa, invocando um caráter punitivo para aqueles que abusam do direito à liberdade de expressão e manifestação de pensamento ou o utilizam com irresponsabilidade. Devido à falta de preparo da grande massa, qualquer fato noticiado pela imprensa é interpretado como uma realidade e por isso as limitações impostas pela Carta Magna devem ser plenamente respeitadas, principalmente quando versam sobre direitos humanos fundamentais.


Assim, a imprensa deve redobrar a responsabilidade na difusão de informações e notícias, tendo em vista a credibilidade que o público lhe deposita, a manutenção da ética e garantia dos direitos humanos. Embora todas as pessoas tenham o direito de permanecer informadas, valores tais quais a lei de imprensa ou liberdade de expressão não podem justificar os excessos dos profissionais de comunicação que interferem diretamente na vida e nos direitos das pessoas.

O caso Daniela Cicarelli é um grande exemplo, a intimidade da modelo não pode figurar como fato de interesse público, não há como negar que sua privacidade, imagem e vida íntima foram abaladas. Houve passeatas em frente ao seu local de trabalho, ela foi notícia em todos os canais de tv e virou alvo de paródia.


O direito de fofocar falou mais alto que a liberdade de imprensa, e não há como negar, são coisas completamente diferentes.

confira o vídeo:

http://www.videosplace.com/video_pt.php?cod=56


Natascha Damasceno

Nas telas de Belém, os aromas do "Perfume"

"Hum, que cheirinho bom!"

Um cheiro, uma inevitável sensação de prazer. É assim que Jean-Baptiste Grenouille, protagonista da obra literária "O Perfume, História de um assassino" (título original em alemão “Das Parfum, die Geschichte eines Mörders”), constrói sua narrativa na cidade de Paris do século XVIII

A história narra a vida de Grenouille a partir de seu deprimente nascimento, em um decadente subúrbio parisiense entre prostitutas e ladrões. Passando parte de sua vida em um orfanato, o garoto tinha como característica não possuir odor algum, contudo tinha um olfato extremamente desenvolvido, fora do comum.

Após aprender as técnicas do preparo de perfumes, cria aromas ímpares e, se torna obsessivo por cheiros humanos, digam-se aí os femininos. Sua obsessão o faz perseguir muitas mulheres, envolvendo-se em uma trama fúnebre rodeada de odores salientes. Encanta-se com o irresistível aroma de uma jovem, trazendo preocupações ao pai dela quanto à preservação de sua vida.

A obra literária foi adaptada para as telas do cinema em 2006, nas mãos do diretor Tom Tykwer, alemão que tem em seu currículo o frenético filme “Corra Lola, corra!”.

O filme de mesmo nome (título original “Perfume: The Story of a Murderer”) está em cartaz na cidade dos Moviecom’s, Belém, na unidade São Pedro em horário único: às 20h40.


Diretor: Tom Tykwer

Elenco: Alan Rickman, Ben Whishaw, Dustin Hoffman, John Hurt, Raad Thomasian, Rachel Hurd-Wood

Produtor: Bernd Eichinger

Roteirista: Andrew Birkin, Bernd Eichinger, Tom Tykwer

País: Alemanha/ Espanha/ França

Gênero: Suspense

Ano: 2006

Duração: 147 min.


Fabíola Corrêa

O choro da chuva que chove sem parar

Chuva, chuva: chove água, chove manga, chove galho. Chove telha, chove lixo, chove terra. Chove miséria, chove fome, chove desigualdade. E cadê o sistema de esgoto? Ah, esse aí fica para o próximo político fazer.

A rua da minha casa é de terra, não tem asfalto e lixeira. Tem um lixão? Sim, minha vizinha trabalha lá, bem aqui no Aurá, seus sete filhos estão com ela ou nas ruas e vielas, com seus malabaris ou vendendo balas e picolés.

A Bolsa-escola ajuda, depois que meus dois filhos mais velhos foram para a prisão de Americano e, Marina, minha filhinha, virou garota de programa, esse dinheiro veio de Deus para as minhas mãos. Coloquei o quinto, menino Marinaldo, de 14 anos, para estudar na escola do bairro, mas ele está indo reparar carro na frente da Prefeitura, aquele bonito Palácio Azul chamado Antônio Lemos, onde falsos flanelinhas arrombavam e roubavam os carros estacionados na rua.

“Tem um monte de carro bonito e gente importante trabalhando naquela área. Eu até já vi o prefeito”, disse Marinaldo. É, os homens importantes passam imponentes, em seus carros importados vestindo as roupas da última moda compradas em um shopping no centro da cidade.

Eu era doméstica, mas a minha patroa ficou com dificuldades financeiras e dispensou-me. Eu não entendi bem o porquê, ela me falou “ah, é a classe média”. Diz que é culpa do governo e, uma coisa é certa: é tanto imposto e cadê o esgoto?

Ontem choveu por quase dez horas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia de Belém – Inmet, a expectativa é de chuva em 90% dos 28 dias do mês. Não serão as chuvas mais fortes do período, contudo serão constantes. Chuvisco, sereno, chuvarada e tempestade. O que nos aguarda para os próximos meses?

Chuva aconchegante para dormir, mas causadora de estragos e alagamentos pela cidade. Causadora? Não, a causa é o nosso comportamento, a culpa é do homem. A natureza em nada tem a ver se a poluímos, se jogamos lixos nas calçadas sem lixeiras, se vivemos empilhados em moradias sem planejamento, sem saneamento, sem água, potável, sem energia, sem assistência.

Energia, o assunto do momento. Querem mais energia construindo hidrelétricas, só que falta na minha casa, na minha rua e no bairro inteiro. O vizinho da frente tem um “gato”, não pode reclamar se não tem energia na casa dele. Pensando bem... as coisas andam difíceis para ele, está sem emprego há três anos e faz uns “bicos”de pedreiro. Seu filho mais velho largou a escola e trabalha em uma farmácia, ajudando no sustento da casa.

Adelaide, minha irmã, ficou sem colchão, sofá e fogão. A chuva entrou em sua casa e levou os seus móveis. O que não levou, estragou. Ela ainda teve sorte, porque a minha amiga Josefina foi morar em um abrigo. A casa dela caiu, a chuva derrubou e, no lugar dela, nada ficou.

Eu continuo tendo esperança de que as coisas vão melhorar. As chuvas passam, outros políticos são eleitos, até construíram uma nova escola em meu bairro. Tudo novo, só falta professor. Formamos uma associação de bairro para pedirmos água encanada, saneamento, asfalto, hospital, escola (com professor), emprego, saúde, segurança, financiamento para casa própria, energia elétrica, iluminação pública, cestas básicas, transporte público eficiente, limpo e planejado, lixeira nas ruas, aterramento do lixão acumulado com dejetos hospitalares...

As chuvas vêm, os políticos vão e, pouca coisa muda. A chuva somente estampa o que já está mais do que na cara, as mazelas sociais de nossa cidade, de nosso Estado e de nosso país, pedindo urgentemente por soluções. Enquanto ela não vem a gente faz o que é comum nesse país: vai dando um jeitinho!

*Maria Estela, moradora da cidade de Belém.

* Maria Estela é uma personagem fictícia representante de uma parcela da população desatendida, esquecida pelo poder público. Ela acredita que as coisas ainda podem mudar.




“Águas de março”, Tom Jobim e Elis Regina.

A gente ainda não está em março, mas as águas já estão levando tudo!

Fabíola Corrêa

"Venha ser sua própria mídia"

Essa é a chamada do coletivo “Freqüência Livre” que instaura, nessa sexta-feira o 2º Festival audiovisual-radiofônico da Universidade Federal do Pará. A festa acontece com um computador conectado a um projetor e uma mesa de som – tudo embaixo de uma tenda armada no estacionamento do bloco A do campus Básico, na Universidade Federal do Pará. Foi assim na sexta passada o primeiro festival que consumiu malabarismo, declamações de poesias e música, muita música.

São 13 estudantes que há mais de um ano fazem intervenções pela cidade, como o “Arte? Parei!”, no mercado de peixe do Ver-o-Peso – um dos eventos da 25º edição do Arte Pará. Eles tentam chamar atenção dos desavisados sobre a existência e necessidade de rádios comunitárias e livres, com um único objetivo: dar voz aos que a querem. Assim anunciam suas intervenções na UFPA buscando a apropriação de microfones pela comunidade acadêmica e não acadêmica.

Na semana passada o primeiro festival teve um motivo diferente: anunciar o consórcio para a compra de um transmissor. É a partir desse consórcio que esses estudantes pretendem montar a rádio livre que vai dar espaço permanente a essas e outras mentes.
Participam também dessa empreitada a rede Aparelho, o coletivo Rádio Cipó e a rádio comunitária Resistência FM.

Nerusa Palheta

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Estou lendo e recomendo

O Ponto de Mutação, do físico Fritjof Capra. Antigas tradições místicas orientais se encontram com a ciência moderna nesse livro que fala desde Física até Genética, passando pela Psicologia. Uma colcha de retalhos? Pelo contrário, Capra defende que todos esses campos têm total capacidade de se cruzar e misturar, criando o ponto de mutação do título.

Fundamental para quem quer entender a época atual, em que conflitos étnicos coincidem com a destruição da camada de ozônio. Para Capra, tudo tem origem no mesmo problema: a concepção fragmentária e mecanicista do mundo. Essa cultura deve ser substituída por uma visão total dos processos, pois todos os fenômenos estão relacionados.

As afirmações de Capra são fortemente embasadas pelas descobertas da física quântica, que evidenciaram a falta de sentido de teorias anteriores sobre o funcionamento do Universo. Os cientistas ficaram surpresos, mas budistas, taoístas, hindus entre outros religiosos já tinham chegado às mesmas conclusões milênios antes. Para ler e meditar.

Alan Araguaia

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Nova administração da Funtelpa



Forte atuante no campo cultural, a Rádio e a TV Cultura serão estratégicas para observar quais rumos o novo governo do Estado tomará. Nomeada para a presidência da Fundação de Telecomunicações do Pará - FUNTELPA, Regina Lima, que também é professora do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Pará - UFPA, tem na cultura e na política os meios que norteiam sua vida desde os tempos de movimento estudantil. Uma das fundadoras do centro estudantil de comunicação social - CACO, é doutora em Sociologia da Cultura e coordenadora do laboratório de Comunicação e Política do curso. A seguir, uma entrevista concedida por ela, em que deixa claro: educação será a prioridade da fundação.


Controversus - A que você atribui a escolha do seu nome para assumir a coordenação da Funtelpa (Fundação de Telecomunicações do Estado do Pará)? E quais os objetivos da tua gestão?

Regina Lima - Acho que a escolha do meu nome se deve até por ser uma pessoa da academia. Da possibilidade de fazer um trabalho muito mais educativo, muito mais voltado pra comunidade, onde todos os setores vão ter o mesmo peso lá dentro.

Não me arvoro a dizer nada pra provar se vou ser boa lá dentro e nem preciso. Isso é estar descaracterizando quem passou por lá. Como já diziam nossos bons e velhos historiadores: a tua história, a tua ação é que vai dizer como você foi ou não, até porque o tempo vai dizer se fiz ou não fiz uma boa gestão. Eu não preciso denegrir a imagem de alguém pra me mostrar como boa. Eu acho que só vamos conseguir mostrar a cara do que a gente quer daqui a uns 3 a 4 meses. Antes disso, para mim é precipitação.

Eu estou lá por um compromisso e vou fazer da melhor maneira que puder e me for permitido fazer. Mas vou com um objetivo muito grande: o de usar a Funtelpa, num bom sentido, não de uma maneira maquiavélica, para que ela possa disseminar essas coisas. A minha preocupação maior e criar na Funtelpa uma estrutura, para quando eu sair ela já tenha uma estrutura consolidada.

A Funtelpa tem 30 anos e está essa esquizofrenia no seu corpo funcional. Se eu conseguir regularizar essa situação, isso já é um ganho enorme. Se eu conseguir dar uma cara pra Funtelpa, que não seja essa noção de bricolagem e de pulverização que ela tem hoje, que fica a critério de cada gestor, que atenda às áreas que são prioritárias do ponto de vista da sociedade, trabalhando em conjunto para atender essas questões.
É claro que não vamos resolver o problema do mundo, mas que pelo menos os setores da diversidade cultural do estado se vejam representados na programação dela. Isso é trabalhoso, não vai ser fácil e provavelmente não vai ser feito em menos de um ano.

ControversusComo funciona o convênio que foi estabelecido entre o Governo do PSDB e a TV Liberal (afiliada da Rede Globo no Pará)?

Regina Lima - Foi um convênio que foi feito ainda na época do Hélio Gueiros quando era governador e quem estava na Funtelpa eu acho que era o Francisco César.

O convênio diz o seguinte: a TV Liberal vai usar as redes de transmissão da Funtelpa com a possibilidade de propaganda nesses espaços e a TV Liberal veicula via as transmissões, isso é uma coisa do contrato. Esse contrato já está com uma ação popular correndo na justiça, sendo que semana passada o procurador deu um parecer constatando a ilegalidade do convênio.
O convênio terminaria o prazo dia 31 de dezembro. No dia 31 ainda, o Ney Messias Jr. fez um termo aditivo. Esse termo, que é o 14º, prorroga esse convênio até o final desse ano, ou seja, prorrogou o convênio por 12 meses.

Uma coisa é a ação popular que já está correndo há muito tempo. Foi essa que o procurador deu o parecer alegando a sua ilegalidade. O que a Funtelpa fez? Quando esse termo aditivo chegou às minhas mãos, qual foi a primeira providência? Mandar o setor jurídico dar um parecer a respeito do termo aditivo. Primeiro para ver a legalidade dele (ou seja, ele tinha condições de ser feito?

Porque havia uma determinação na época da transição de que todos os convênios fossem prorrogados no máximo por 90 dias), depois que o setor jurídico da Funtelpa deu esse parecer, nós mandamos um ofício para Procuradoria Geral do Estado pra que ela avalie do ponto de vista legal se poderia ter sido feito isso. Resumindo: o que nós estamos fazendo hoje? Estamos esperando esse parecer da procuradoria pra ver o que ela vai falar a respeito desse contrato. Não adianta, convênio, contrato você tem que discutir com base legal.

Controversus - Falando em fim de contrato, em nova gestão... Como é que tu encontras a Funtelpa hoje?

Regina Lima - A Funtelpa do ponto de vista estrutural é uma empresa que não é grande, ela não é nenhuma secretaria tipo Seduc (Secretaria de Educação do Estado do Pará), ela é pequena se comparada às grandes empresas, mas em compensação ela está cheia de problemas. A Funtelpa tem hoje a questão dos trabalhadores. Até 95, a Funtelpa era tida como uma fundação privada, tornando-se pública só em 2005. Sendo pública, ela passa a ter um regime estatutário. Mesmo sendo uma fundação estatutária, o regime dos funcionários ainda está delicado, porque ela tem poucas pessoas que são “ceelitistas”* estáveis, ela tem um número razoável que são pessoas ceelitistas não sendo estáveis e tem um conjunto de temporários.

Na gestão passada, para começar a regularizar a situação da Funtelpa, realizaram um concurso público. A idéia é chamar as pessoas do concurso e ir regularizando a situação funcional da Funtelpa. Isso é um problema que vai levar tempo, ninguém vai fazer isso da noite pro dia. Aí você começa a sanar as questões funcionais. Agora isso vai ser devagar, estamos lidando com pessoas. Hoje são 506 funcionários na Funtelpa nas situações mais diversas possíveis.

É provável que ações que se façam ali não tenham essa carga de visibilidade tão grande, mas ela vai mexer com a auto-estima do funcionário. Há doze dias que nós estamos lá os funcionários estão sugerindo coisas. Eles já me entregaram um monte de projetos, ou seja, estamos valorizando o funcionário. Investiu-se muito na imagem da Funtelpa lá fora, mas se fez muito pouco por aquilo que é interno.
*Clt- regime trabalhista de empresas privadas

Controversus - Existem projetos a ser implementados agora no início da gestão?

Regina Lima - Estou mandando fazer um levantamento para saber todo o arquivo de imagem e de áudio que a Funtelpa tem. A quantidade de coisas que pode se fazer com esses materiais são infinitas. Não se tem um mapeamento do que existe lá de imagem, de áudio etc. Ali tem um material precioso. Nem tudo aquilo que é visível é o ideal. Muitas vezes existem coisas que não são tornadas públicas e que é um trabalho interessante.

A Funtelpa tem história, vai muito além desses 4 anos que foram maravilhosos. Tem um arquivo que é uma coisa de louco e ele não está todo digitalizado, correndo o risco de se perder daqui mais uns dias. Então eu estou correndo agora com um projeto pra ver se eu acho patrocínio pra mandar digitalizar todo o material da rádio e da tv.

A primeira coisa que eu acho interessante é levantar esse material e começar a produzir a partir desse material que se tem lá, uma publicação sobre a Funtelpa, tornar aquilo um documentário, até criar um museu da Funtelpa. Tanto que em março agora, vai ser aniversario de 30 anos da fundação e 20 anos da (rádio e Tv) cultura, então estou mandando fazer uma publicação... dos melhores momentos nesses 30 anos da fundação na rádio e na TV que vai ser lançado em março.


Controversus - Nos últimos quatro anos a Funtelpa deu uma reviravolta na sua programação, no incentivo dado à produção local, cultural em todos os sentidos. Ocorreu uma valorização de ritmos musicais que não eram nunca colocados na programação da cultura, como o “brega”. A programação também se tornou mais acessível à população. Como você analisa isso?

Regina Lima - Uma coisa é certa: eu não tenho essa avaliação perversa de dizer ‘eu tô assumindo então vou negar tudo o que foi feito pra trás porque eu vou fazer coisa melhor’. A proposta inicial é que aquilo que está lá dentro que deu certo vai permanecer, não tem sentido você tirar só porque você está entrando, é uma outra gestão. Acho que a Funtelpa, (e falo isso um pouco até de cadeira porque eu trabalhei na Funtelpa) sempre foi um lócus onde a cultura local sempre foi trabalhada.

O que a gente pode dizer é que nesses quatro anos a visibilidade desse trabalho se tornou maior. Talvez até porque as pessoas que tenham passado por lá, (eu não estou dizendo que foi isso, pode ser) fizessem esse trabalho e não tiveram a preocupação de tornar isso público, visível. Por isso que o setor de marketing hoje na Funtelpa foi um setor que foi investido, porque é esse setor que cuida primeiro de captação de recurso externo e trabalha com essa noção de visibilidade da própria instituição. Esse investimento foi muito grande.

Sem dúvida nenhuma, o setor que nesses 4 anos a Funtelpa investiu teve uma visibilidade. A questão do campo artístico, os shows, eu acho que isso é legal, mas eu acho que cultura não é só isso. Cultura passa por uma adoção muito mais ampla. Se me perguntares o que mudou na Funtelpa, não mudou ainda nada, a programação está como ela é, porque eu não quero cometer a insanidade de chegar lá e ‘tira o programa tal porque eu não gosto’, nós estamos fazendo um mapeamento da programação pra ver se aquela quantidade de programas que tem lá atende a essa visão de cultura mais ampla.

Aquilo que é bom permanece e aquilo que não é atendido pela Funtelpa, como a educação, por exemplo, a gente vai dar prioridade. Não sei se por conta da minha origem, por eu ser da academia talvez eu tenha um interesse maior nessa questão da educação, mas cada gestor marca ou cria a sua marca a partir da sua própria origem.

Ontem o secretário de educação já foi lá comigo e se colocou a disposição da gente para parcerias que a Funtelpa quiser fazer com ele. Vou fazer coisas pela sociedade que talvez nem ela saiba que está sendo beneficiada com isso. E sem precisar fazer às vezes muito estardalhaço. É aquele trabalho mais lento, mais ‘de formiguinha’, mas que vai atender uma comunidade maior.

Vamos fazer um planejamento estratégico agora essa semana para traçar qual é a linha que nós queremos imprimir na Funtelpa, que é uma linha que tem está sintonizada com o governo. O governo não no sentido da interferência dele na fundação, mas sintonizada naquilo que estão chamando de um governo popular. Qual é o meu público-alvo? É a comunidade. Então tudo que for bom pra comunidade é aquilo que vamos trabalhar. Pode ser até que aquilo que é bom pra comunidade não me dê a visibilidade que eu poderia ter, mas pelo menos eu vou estar prestando um serviço, que eu acho que é esse o papel da Funtelpa.

As poucas vezes que eu tenho falado, eu tenho dito isso. As pessoas têm que ter claro o que é comunicação pública e qual é o papel da Funtelpa nesse processo. E comunicação pública não é comunicação governamental, é comunicação estatal. Aí é que está a diferença. Você não pode entender a Funtelpa como um desses veículos de comunicação pública que funcionam como se fosse um braço do governo. Ela é do Estado, e não de quem está no governo. Tem que ter uma política muito séria de informação pública. Informação pública não significa nem colocar demais e nem de tirar, mas ter uma racionalidade de entender que e pauta da Funtelpa é tudo aquilo que é de interesse público.

Vai ser difícil fazer isso pela própria cultura da Funtelpa ao longo desses anos. Por exemplo: até você dizer pro pessoal do Sem-Censura que eles não precisam necessariamente falar só do factual, que eles podem vir aqui na universidade e levantar um monte de trabalho que está sendo feito na comunidade. Nós temos um monte de pautas que estão circulando no estado e na cidade e isso também é de interesse público. Tem ações que uma série de instituições fazem que podem ser pautas sem ser factuais. Pra transformar esse palco vai ser difícil, porque existe o costume de trabalhar com o factual.

Controversus - A campanha da Ana Júlia já vinha falando que ia olhar mais para aquelas áreas que são pouco observadas, como o sul e o oeste do Pará. Isso também vem se demonstrando na própria Funtelpa agora com o novo governo. Na tv cultura e na rádio cultura se privilegiava uma cultura que se diz ser uma “cultura paraense”, mas que na verdade é uma cultura ali do Marajó, daqui do nordeste do Pará. Acredito que essas pessoas que moram nessas outras regiões se sintam um pouco desprestigiadas por causa da falta de atenção a essas culturas que existem em outras localidades...

Regina Lima - Temos que ter claro algumas coisas. Isso não é papel da Funtelpa. Ela tem o nome de Tv Cultura, mas quem cuida disso é a Secretaria da Cultura, que vai ter que fazer um planejamento bem amplo pra que se faça esse trabalho de inclusão dessas comunidades que sempre foram alijadas desse processo.

A Funtelpa é um órgão de comunicação, através do portal da rádio e da tv. Acho que é possível você elaborar programas e documentários que atendam a essas carências que estão aí pulverizadas no social. Se eu criar um programa pra cada comunidade que ta aí como é que vamos trabalhar? Há que ter a preocupação de um programa que atenda a essas carências e dificuldades diárias, ou de comunidades que estão isoladas, mas isso dentro de uma programação, não precisa ter um programa especifico sobre ela, que pode estar incluída dentro desse programa. O que me preocupa às vezes é isso, as pessoas acham que incluir é criar um programa específico sobre determinada coisa. Às vezes tu podes fazer um programa para que trabalha com agronegócio, etc.

Controversus - E os festivais de cultura que existiam na gestão do Ney Messias Júnior? Tinha aqui em Belém e, no máximo, ia pra algodoal, ou seja, ficava nessa região aqui. Não seria possível estender esses festivais pra outras regiões com o apoio da Secult?

Regina Lima - Quem tem a responsabilidade de fazer esses festivais não é nem a Funtelpa, é a Secretaria de Cultura. A Funtelpa entra como apoio a isso. Eu não estou dizendo que vou acabar com a política dos festivais, até porque têm uns que são pontuais. Aquilo que já está na programação da Funtelpa que é anual vai ser mantido. Nós entramos como parceiros da Secretaria de Cultura dizendo que nós vamos pra lá, produzimos, divulgamos ao vivo de lá, podemos produzir um documentário, etc. Aí cabe a gente, mas não cabe a Funtelpa estar fazendo um monte de festival mundo afora.

Controversus - Com relação a essa necessidade de produzir pra essa diversidade que existe no próprio estado... Sabemos que a mídia ajuda na construção das representações sociais numa época contemporânea, então considerando que ainda existe quando se fala de cultura paraense....a Funtelpa tem esse papel.

Regina Lima - Ela tem, mas nós temos que ter muito claro o que entendemos por cultura. Há que se ter opções, mas opções que sejam representativas da sociedade. Temos que definir o tripé. Vamos supor que a gente decida por educação, cultura e saúde, esse e o tripé que agente vai trabalhar. Então como é que os programas que já estão aí se encaixam dentro desse tripé? Eles atendem a questão cultural? A questão da saúde? E aí que vamos começar a rever essa programação. Então precisamos definir uma linha bem clara, bem específica sobre isso.

Controversus - Falando em educação, como vai ficar a relação da Funtelpa com a produção acadêmica, aproveitando que a tu tens essa origem universitária e a gente acredita que vai ter essa relação maior?

Regina Lima - Entendo educação como um todo em que a universidade é uma parcela dentro desse contexto educacional. Então a idéia é fazer com que a Funtelpa também tenha esse compromisso com a questão da educação, não que ela não tivesse, mas ela vai ter uma linha mais clara sobre educação. Pra isso é preciso fazer uma ação que envolva não só a (universidade) federal, mas que envolva a Uepa (Universidade do Estado do Pará), que envolva a Seduc (Secretaria de Educação do Governo do Estado), a Secretaria Municipal. Eu acho que é compromisso, não é o meu compromisso de estar lá. Posso ficar um ano, dois, três... sei lá quanto tempo, vai depender, mas é um compromisso com a educação.

Controversus: Então tu vai estar abrindo espaço pra produções que não sejam necessariamente da Funtelpa?

Regina Lima - Não, pelo contrario. Pode-se fazer uma parceria aonde as universidades num conjunto possam ter um programa sobre a educação, por exemplo. E não precisa ser só a federal, porque não quero ser demagoga e dizer que eu vou favorecer só a federal. Tenho uma preocupação maior com a educação. Então vão ser esses setores que trabalham com educação que serão convidados e a abriremos espaço pra que eles possam trabalhar a questão educacional. Fora isso tem a educação à distância que a Funtelpa tem a possibilidade de encaminhar.

Controversus - Como é que avalias o espaço dado ao jornalismo dentro da rádio e da tv Cultura, porque já falastes que não queres mexer radicalmente na programação...

Regina Lima - Não quero mexer de maneira precipitada. Só vou mexer depois que tiver um mapeamento disso tudo, porque não quero chegar lá e correr o risco de fazer de uma maneira irresponsável. Pelo contrario, quero olhar a programação com calma. É uma fundação de telecomunicações. Ela tem que ter programas, mas ela também tem que ter um investimento muito grande no seu setor informativo. Não estou preocupada se vamos competir com quem quer que seja, porque isso é o que menos interessa: a competição pura e simples. Se tivermos que competir, vamos competir pela qualidade e investimento nessa área. O jornalismo é uma área, eu não posso te falar com toda a certeza, mas o investimento nele foi muito mínimo em relação à questão da produção. Não quero dizer que agora vou parar a produção e investir no jornalismo, mas acho que podemos equilibrar as coisas. Pode ter um investimento tanto no jornalismo quanto na produção, e que os dois tenham qualidade. E volto a te dizer, só vou poder definir isso depois que acabarmos esse planejamento que vamos fazer. O planejamento requer levantamento.

Controversus - Regina, você falou em investimento humano, investimento no quadro funcional, ta entre os teus planos investir em tecnologia?

Regina Lima - Isso que é mais complicado na Funtelpa, ela tem um quadro funcional com mais características de empresa privada e ela tem um desempenho que é publico. Estou analisando a necessidade de cada setor e o que precisa pra melhorar. Aí é botar a pastinha debaixo do braço e sair pra barganhar e barganhar. Não é só com o governo, com a governadora. Ela vai entrar ou pode entrar, mas eu também posso fazer parcerias. Pretendo resolver esse problema de equipamentos com parcerias, com permutas, com trocas. São esses caminhos que o planejamento vai tentar apontar.

Vou ter um quadro de tudo pra botar a Funtelpa trabalhando com qualidade. Por exemplo: o setor técnico está precisando de computadores, eu tenho que ter um levantamento de custo, eu só posso negociar depois que tiver esse levantamento. Aí vamos correr atrás. Posso prestar um serviço a uma secretaria e ela, ao invés de me pagar com dinheiro, pode me pagar com equipamentos. Mas uma coisa é certa, nó vamos buscar todas as formas possíveis de parceria pra tentarmos sanar alguns problemas que a Funtelpa tem hoje.

Temos um problema muito sério que e o dial das tvs públicas. Temos um dial baixo, que é o 2, onde o sistema de captura e complicadíssimo. Podem reparar, tentem sintonizar a Funtelpa na casa de vocês, ela e péssima. Confunde o áudio com a imagem. Até isso temos que ver. A maneira para melhorar esse sinal, etc. Também não adianta investir internamente em qualidade se o dial é complicado. Vamos tentar fazer um investimento inicial em tecnologia lá dentro, mas também precisamos fazer um movimento paralelo de melhorar esse sinal. Não adianta a boa qualidade de produção da Funtelpa se a recepção desse material é péssima. São varias ações que tem que se dar de uma forma simultânea. A Funtelpa tem um orçamento, mas não é um orçamento que dê conta.

Controversus