sexta-feira, 30 de março de 2007

O castelo

Texto escrito originalmente como comentário no blog de Elaine Arruda, que me recuso a linkar como protesto por ela não estar atualizando-o. Caso alguém pense que estou publicando isso por não ter nada de novo a falar, está coberto de razão. Mas não totalmente.

O pedreiro, no meio de seu labor, tornou-se amigo da dona da obra, e vez ou outra é convidado para tomar um cafezinho com ela. Observa aquelas paredes, pela primeira vez contempla o que lhe arrancou tanto suor e lágrimas. Percebe a beleza, quase esquece das próprias dores musculares, ainda latentes. A leveza evidente nos movimentos da dona da casa provoca nele um projeto de sorriso, pois se sabe participante de tal bem estar. Mas repara no sofá em que está sentado: não foi ele quem fez, é de origem desconhecida. Os quadros nas paredes pintadas por ele apresentam gravuras de seres estranhos, os quais não compreende e mesmo os amedrontam.

Sente como se o castelo que fez pensando nela fosse apenas uma casca, a qual ela preencheu com a sua polpa, independentemente. Ao se entregar com todas as forças a esses pensamentos, se certifica que é uma visita. Não está muito à vontade no castelo, que afinal, surgiu das suas mãos, do qual foi simultaneamente arquiteto, engenheiro e pedreiro. Sorri desconsertado para a dona do castelo, aceita timidamente a xícara de café, promete voltar mais vezes e se despede de forma afoita. É hora de construir outro castelo.

Alan Araguaia

2 comentários:

Controversus disse...

Assim como construimos castelos todos os dias, tijolo a tijolo.

Fabíola Corrêa

Anônimo disse...

Texto Perfeito...



Juliana Nunes