domingo, 17 de junho de 2007

Amar, amor


Ontem conversava com uma amiga e falávamos de nossas aventuras e desilusões amorosas, de pessoas que passam em nossas vidas e deixam marcas intransponíveis, como furacões: Chegam, arrasam e vão embora. O que fica?

Bem, depende de como encaramos essas histórias. Às vezes, nem nós mesmos entendemos o que sentimos, há mágoas, ressentimentos, decepções e frustrações. Confusos, damos um passo adiante, em busca do crescimento .

Algumas pessoas entram e saem de nossas vidas sem avisar, e quando nos damos conta, ficou-se uma marca, que sangra, sangra até cicatrizar. Quando tudo parecia mágica, o momento perfeito, tudo se esvai. E o que mais dói? É o desrespeito, a incompreensão, a falta de carinho. Você se dedica a alguém e investe seu tempo e energia, mas a recíproca não é verdadeira. Em troca, um beijo de consolo e, quem sabe, uma noite de amor. Amor, mas o que é isso? Quem inventou essa história de amar?

Em um sentido amplo, amor é um forte sentimento de apego. Origina do latim amore,definido pelo Dicionário Aurélio como “(s.m.) 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa... 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção; culto; adoração... 9. Afeição, amizade, carinho, simpatia, ternura. 10. Inclinação ou apego profundo a algum valor ou a alguma coisa que proporciona prazer, entusiasmo, paixão”.

Existem tantas formas de amar: próprio, a Deus, de mãe, filho, amigo, companheiro, etc. E tipos de amor: fraternal, sentimental, sexual, platônico, romântico. A certeza de que estamos inebriados de amor entre parceiros é quando sentimos pelo outro admiração e desejo sexual, companheirismo, dedicação, afeto e respeito.

Segundo o apóstolo Paulo, “o amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (I Coríntios 13: 4-7).

O processo químico envolve os neurotransmissores dopamina, feniletilamina e o hormônio ocitocina, este último exerce um importante papel no estímulo sexual e na reprodução humana. A dopamina é sintetizada por certas células nervosas que agem em regiões do cérebro promovendo, entre outros efeitos, a sensação de prazer e a motivação. Já a feniletilamina é responsável pelas sensações e modificações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados, controlando a passagem da fase do desejo para a fase do amor, está presente no chocolate e é usado na elaboração de substâncias psicoativas, pois proporciona a sensação de prazer, a exemplo do ecstasy.

A Dra. Helen Fisher, antropóloga da Universidade Rutgers e autora do livro The Anatomy of Love, fez um quadro com as várias manifestações e fases do amor e suas relações com diferentes substâncias químicas no corpo:

Manifestação

Conceito

Substância mais associada

Luxúria

Desejo ardente por sexo

Testosterona

Atração

Amor no estágio de euforia, envolvimento emocional e romance

Altos níveis de dopamina e norepinefrina

Baixos níveis de serotonina

Ligação

Atração que evolui para uma relação calma, duradoura e segura

Ocitocina e vasopressina

Fonte: Site BoaSaúde, texto A Paixão sem Mistérios? A Anatomia, a Química e a Biologia do Amor

Como se vê, amor envolve todo um processo de substâncias e não está ligado somente aos sentimentos. Ah, mas o furor das emoções, do olhar terno, do beijo caloroso e do afago carinhoso, isso ninguém explica.

Voltando a conversa sobre relacionamentos, cada um define o grau de importância que outra pessoa tem para nós. Ainda que duas pessoas estejam juntas, o grau de interesse pode não ser igual, podendo significar um breve momento para um ou um duradouro compromisso para outro.

Amar é tão bom, é o nosso combustível que nos faz viver, impulsiona para frente e nos dá força, estimula e cativa. Mesmo que nos decepcionemos, que alguém não seja o que esperávamos que fosse (seja pelas atitudes, pelo tratamento e envolvimento), ainda nos resta a esperança de achar o verdadeiro amor.

Olhar para trás, sentir tristeza e decepção, e acreditar que o novo virá e sorrirá para você é chamado de “esperança”. Esperar que algo de bom venha nos agraciar, de que, como sendo únicos, completamo-nos por si sós, e amemos ao nosso ser e de que outro nos aceitará como somos, repletos de virtudes e defeitos.

Eu espero por muitas coisas, sucesso, realização profissional e pessoal, o amor verdadeiro. Eu e a torcida do Flamengo. Enquanto isso não vem, a gente vai trabalhando pra ter, caindo e aprendendo, deixando pra trás as pedras do passado e sorrindo para as flores do presente.


"Only you", Portishead


Fabíola Corrêa

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