quinta-feira, 12 de abril de 2007

Belém, caos urbano e social

Surto de dengue em Belém. Problemas respiratórios, alta incidência de viroses; gripe afasta trabalhadores do ofício e deixa “de cama” as donas-de-casa. Mês de abril e a cidade ferve como uma panela d’água em ebulição. A temperatura está nas alturas, e ainda nem é agosto, o período seco do ano. Más previsões? Não, isso é realidade.

Cresce o número de vítimas de assaltos, estupros e outros tipos de violência. O trânsito é caótico – em parte culpa do motorista imprudente, em parte culpa do pedestre irresponsável. Quer mais?

A cobertura vegetal da cidade diminuiu drasticamente e não há uma política efetiva de replantio de mudas. O serviço de transporte público continua a mesma coisa há anos, deficiente, muda somente o preço da passagem. O sistema de esgoto é problemático, não há lixeiras nas ruas, as calçadas dificultam o andar (imagine os deficientes físicos!), há camelôs em todos os cantos e a casa recém-pintada do vizinho já exibe as marcas da pixação.

O preço do tomate subiu. Na verdade, não consegue se fazer uma compra decente no supermercado com pelo menos um salário mínimo. Um salário? Pobre do assalariado!

As ligações telefônicas ficaram mais caras depois da tarifação por minuto (pelo menos na minha casa foi assim). O valor da energia elétrica subiu. O antigo Governo do Estado deixou um rombo de milhões para a atual governadora Ana Júlia pagar. O que ela fez?

Contratou uma cabeleireira e uma dermatologista como funcionárias do governo, que recebiam por esses serviços extras com o dinheiro público, ou seja, o nosso dinheiro! Depois da veiculação dessa notícia em diversas mídias, as moças foram demitidas, mas continuam como prestadoras de serviços à governadora. E quem paga a conta?

Não estou sendo pessimista, e sim realista. Sim, há tantas coisas boas acontecendo na cidade, como o crescimento do cinema alternativo e do teatro, mas essas são pequenas expressões diante a avalanche de desigualdades. Proponho com essas enumerações de que nos demos conta do que acontece em nossa cidade, a nossa casa. Precisamos saber cobrar nossos direitos, mas devemos cumprir com os nossos deveres. Esse é o papel do cidadão, cidadão deixado de lado nessa cidade.

Essa conversa de ser esperto, “passar a perna”, não está com nada! É uma atitude egoísta e contra a civilidade. Mas brasileiro tem essa mania, “dar um jeitinho”! Por isso o país não vai pra frente como desejamos. Crescemos em poucas coisas e regredimos em tantas outras...

As leis não serão cumpridas? Vamos voltar à irracionalidade? Onde estamos indo?



Vídeo crônica "Na Rua". Para pensarmos em nossa condição enquanto humanos e cidadãos de um mesmo espaço físico: a cidade.

Fabíola Corrêa

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