segunda-feira, 1 de junho de 2009

Conto parágrafo

O olhar dela havia de súbito mudado. Como se uma sombra espessa tivesse ali se instalado, sombra que ocultava-lhe completamente a visão. E ficava ali, rondando, sem coragem de verbalizar a pergunta que trazia na cabeça: o que houve? Ficava ali, ruminando, até que, cansado, dizia amanhã nos vemos. Ela assentia com a cabeça, levava-o até a porta e agora a sombra estava mais intensa, faiscava-se. Ia embora cheio de perguntas, debatendo-se todo para livrar-se delas. Já estava longe, na rua, não admitia tamanha intromissão. Queria seu raciocínio e energia de volta. Difícil tarefa. Nesse dia andou mais do que o habitual, procurando, procurando.

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