Ontem li Terceira margem do rio, conto de Guimarães Rosa. Minha bela amiga que me acha canceriano o tinha na bolsa, e quando tocou no assunto, quase com aflição, pedi para ler ali mesmo. Senti um certo embaraço de abrir um livro em meio a uma roda de pessoas, mas abstraí, afinal, não estava interessado na conversa mesmo. O conto era pequeno, de modo que a minha grosseria talvez passasse desapercebida. Li lenta e solenemente, pois senti que o conto queria que fosse lido desse jeito, repassando algumas partes e tentando associá-las a uma certa filosofia, sorrindo pra mim mesmo quando conseguia.
O conto fala de um homem que embarca em uma canoa para lá ficar. Ele não quer aportar em lugar nenhum, quer apenas seguir, seguir e seguir. "Ocê vai, ocê fique. Ocê não volta mais", sentencia a mulher. É a metáfora do eremita ao meu ver, o homem que busca encontrar a plenitude na solidão. E também é a metáfora da continuidade, como bem lembrou minha amiga sagitariana. O filho tem uma grande responsabilidade: continuar a obra do pai. Será isso justo? Será isso natural? Fiquei matutando essas coisas.
Alan Araguaia
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3 comentários:
Quem escreveu essa matéria?
fui eu. vou já assinar
e rapá. Acho que tem mais gente lendo isso além dos quatro cavaleiros do apocalipse...
Abraço a todos
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