terça-feira, 25 de dezembro de 2007
sem mais
Passou por mim o condenado. Não vi seus guardas, mas ele bem via, sim. Os olhos dele que me diziam. Sua cabeça era pressionada por dois fuzis, um do lado do outro. Senti terrores do meio-dia, quis salvá-lo. Mas eu não via os seus guardas.
Alan Araguaia
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Descontruindo as identidades
Penso ser o tipo de matéria que serve pra calar a boca daqueles que dizem: "Belém (ou o Pará) quando aparece nos noticiários nacionais, é só desgraça". Exceção à regra. Lição para os deterministas.
A matéria começa dizendo da importância de Belém para a coroa portuguesa. Falando de aspectos históricos importantes, como a possibilidade da cidade ser a capital do Brasil pela facilidade de comércio que tinha a região norte com a europa etc. Mas o que mais me impressionou foi outra coisa: a demonstração histórica e sutil de como são criadas as identidades regionais.
A repórter falou da influência da imigração japonesa, comparou o ver-o-peso com as feiras livres da asiáticas e africanas, com frases que apontavam a importância que tem para as pessoas as coisas que haviam se tornado "nossas", ou "da terra".
O Cheiro-do-Pará, por exemplo, em que a essência é feita de uma das mais conhecidas especiarias indianas, o patchouli. Nas entrevistas, esses sentimentos identitários criados com a pimenta-do-reino (a pergunta dela pro feirante do ver-o-peso: "Você sabe de que reino é esta pimenta?") . E a resposta ("Não sei, mas acho que é daqui mesmo. É da terra").
A matéria termina mostrando as hibridizações. As tradições criadas na culinária. Mostra temperos indígenas como o tucupi, misturados com as "especiarias do oriente" como o manjericão e outras ervas, criando a "culinária paraense", e desmistificando uma certa tradição purista que ainda permeia a cabeça de muitos intelectuais e idealistas na cidade de Belém. Achei genial.
Fabrício Mattos
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Ditas
As palavras nunca faltam
elas estão aí à espera
e são muitas as palavras
e se debatem, combatem,
querendo ganhar
o ar
As palavras têm força
quando o coração se esforça
hão de transbordar as palavras
e beijar
e saltar
emprenhar
se esparramar no chão
e ali serem pisadas
letra morta ou não.
Dois
Há pouco quis te dizer
mas já desquis
Alan Araguaia
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Onde está o cartaz do Círio? Parte X
sábado, 10 de novembro de 2007
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Onde está o cartaz do Círio? Parte VIII
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Onde está o cartaz do Círio? Parte VII
Onde está o cartaz do Círio? Parte VI
A primeira imagem, feita de dentro do ônibus, passa por uma rua onde circulam bicicletas, veículos, carroças, carros-som; e onde há uma imensa feira dos mais variados artigos que se estende por toda a calçada.

A segunda imagem, a caminho de comer um pastel ou uma esfiha, fica próximo de uma famosa lanchonete. Já sabem?

Fabíola Corrêa
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
domingo, 4 de novembro de 2007
Onde está o cartaz do Círio? Parte IV
sábado, 3 de novembro de 2007
Onde está o cartaz do Círio? Parte III
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Onde está o cartaz do Círio? Parte II
Onde está o cartaz do Círio de Nazaré?
Anualmente produzido desde 1926- o primeiro foi confeccionado
Passados os anos, o simples objeto passou a ter um papel fundamental dentro da festividade Nazarena. No ano de 2007 foi apresentado em suntuosa cerimônia na Praça Santuário no dia 29 de abril, na qual os convivas se viram diante de um show pirotécnico por de trás de gigantes banners pendurados em frente à Basílica de Nazaré.
Quem detém os direitos de imagem do cartaz é a Diretoria da Festa do Círio de Nazaré. Certas empresas o reproduzem com a devida autorização, a fim de presentear clientes e amigos. O dinheiro que se arrecada com essa reprodução via empresas vai todo para as obras sociais da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio- Econômicos (Dieese)/PA, foram confeccionados para o Círio 2007 cerca de 550 mil cartazes pela Diretoria da Festa. Este número foi acrescido até 700 mil com as confecções feitas diretamente pelas empresas.
O crescimento da tiragem oficial no número de cartazes deste ano em relação ao passado foi de 37,5 %, já que o total produzido em 2006 foi de 500 mil. Nos últimos 10 anos, o número de exemplares aumentou em mais de 120%.
O valor unitário de produção varia entre cinqüenta centavos à um real, ou seja, se calcularmos 700 mil cartazes a um custo de 0,75 centavos, o valor investido seria de 490 mil reais, dinheiro vindo em grande parte da contribuição de fiéis.
Todo ano a foto é feita com a imagem usando o manto do Círio anterior. Em
Com ares de ala da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, a edição 2007 lembra um pouco a de 2003, no qual há diversas flores rosas de jambeiro espalhadas ao pé da árvore, entre algumas folhas verdes.
Particularmente agradou-me o cartaz de 1901, em que a santa está com um manto bem largo, parecendo a saia das baianas que vendem acarajé e cocada pelas ruas da cidade durante o Círio.


Fabíola Corrêa
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
Mostra de fotografia "Círios: várias festas em uma"


A mostra ainda conta com o apoio da Copy Center.
O evento foi noticiado no dia 30.10 pelo Portal ORM e também no site Acorda Pará.
Não deixem de visitar!!!
Fabíola Corrêa
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Da inteligência superficial para a inteligência experimental
Além disso, como esse aprofundamento é possível já que não temos como saber, principalmente os jornalistas, especificamente de todos os assuntos?
Digamos, cientificamente, que o mais provável é a mídia repetir os significados que estão presentes no entorno social, mas, ao mesmo tempo, não dá pros profissionais serem todos nivelados por baixo. Mesmo quando tu escreves uma matéria do caderno polícia, por exemplo, sem querer chamar a atenção, levando pro lado humanista e tal, vem depois um editor e transforma o teu texto num cartaz com aquela manchete que tu não escrevestes: "MORTO SEM SABER PORQUÊ". Enfim, um dilema.
Eu, pelo menos, sinto falta da mídia falando da própria mídia. E eu não to falando do Alberto Dines, porque que às vezes, sinceramente, é um saco esse Observatório da Imprensa. Eu digo outras mídias falando das mídias porquê acho interessante essa história de "seja a sua própria mídia", hoje tão propagada pela internet. A coisa é tão improtante que nós vimos que já fizeram até campanhas pra descredibilizar os blogs.
Polêmicas à parte, o que eu digo não é apologia às novas tecnologias, mas acho que é uma forma de colocar representações múltiplas, nem melhores nem piores, esse filtro cada um vai fazer, desde que existam. E que existam para além dos modos de dizer do jornalismo tradicional e da empresa que vende a mercadoria-informação ou imagem-marca.
Ainda falando cientificamente, a mídia não é um ator social "par excellence". Os críticos falam de mídia como falam de globalização : "a mídia isso, a globalização aquilo"... Como premissa acho bom pensar que a globalização é um processo que não tem um direcionamento único e a mídia é um campo social, onde ocorrem disputas de poder. Isso é básico.
O que estamos discutindo, sobre a "inteligência superficial" da mídia, também é relativo. Lemos coisas absurdas tanto na Caros Amigos quanto na Veja, ou no Diário e Liberal. Mas notem os tempos diferentes: revista mensal, revista semanal, jornal diário: representações diferentes, fontes diferentes, apuração diferenciada. e nem estamos falando da instantaneidade do jornalismo na internet ou no rádio.
Hoje, por exemplo, vi uma entrevista excelente no Jornal do SBT sobre as Hidrelétricas que estão sendo pensadas na Amazônia. O cara não era daqui o nome dele era Glen não sei o quê, e ele é especialista em questões de energia na Amérrica Latina. Ele detonou, dizendo inclusive que " é impensável que a REDE CELPA leve energia a todos as populações ribeirinhas da Amazônia" E prosseguiu dizendo que uma iniciativa viável era a energia solar para essas populações. Ele disse também do descaso das empresas com as famílias desabrigadas, afirmando que 70% deles não tem nenhum reembolso, falou da questão dos interesses internacionais etc. Só não foi melhor por causa do entrevistador, e acho que aqui que a gente entra. (Se fossemos nós seria melhor? E se fosse um ribeirinho despossado pelas barragens, como seria? E se fosse um representante da CELPa? E se fosse....) Penso que é nessa disputa de acesso que a gente se encontra hoje.
Acho que a vantagem da internet e de ser a sua própria mídia tá no que o Bourdieu fala de conhecimento da intenção. Ele usa o exemplo de Wittgenstein: "uma intenção, encarna-se numa situação, em costumes e em instituições humanas. Se a técnica do jogo de xadrez não existisse, eu não poderia ter a intenção de jogar o xadrez." Nas palavras de Bourdieu: "A intenção política só se constitui na relação com um estado do jogo político e, mais precisamente, do universo das técnicas de ação e de expressão que ele oferece em dado momento".
O caso é que eu já vi Bourdieu sendo citado até pelo Mainardi, ou seja, toda construção é apropriação, desde a "inteligência superficial" até a inteligência experimental, passando também pela inteligência artificial.
Pra compartilhar um pouco dessas intenções e experimentações e maneira diferenciada de se apropriar da mídia, deixo vocês com um vídeo muito doido que eu assisti ainda agora no Youtube. É do glauber rocha. É uma homenagem ao Dicavalcanti, sendo filmado no dia do seu enterro. Ele tem uma idéia de nacional muito diferente da idéia de integração nacional que as redes de televisão, principalmente a Globo, construiram pra nós. Divirtam-se.
Fabrício Mattos
Glauber - Di cavalcanti Di Glauber - parte 1
Glauber - Di Cavalcante Di Glauber - parte 2
sábado, 13 de outubro de 2007
O "Auto" da Naza
Do sagrado ao profano, assim é o Círio. Entre romarias, orações e pedidos de perdão, a festa regada de amor é palco para o pecado. No ano de
Por falta de patrocínio em 2006, o “Auto” ficou fora do calendário de festas.Contudo, este ano contou com o apoio do Governo do Estado através da Secretaria de Cultura - Secult e Universidade Federal do Pará - UFPA, o que possibilitou estar mais uma vez pelas ruas da Cidade Velha.
Da música à dança e ao teatro, o “Auto” colore e teatraliza as sextas-feiras anteriores ao domingo de Círio. Na reza, os devotos clamam seu louvor à Virgem Maria e por mais um Círio de vida.
A crença de uma vida mais abençoada traz à cidade turistas, repórteres, fiéis e curiosos. O colorido, a devoção e a comoção popular são o mote para tornar o evento cada vez mais conhecido.
Criado em 1993 pelo Núcleo de Arte- Nuar, da Universidade Federal do Pará, o evento em forma de cortejo foi dirigido nos seus dois primeiros anos por Amir Hadad. Miguel Santa Brígida, o homem responsável por dirigir o projeto desde 1996, nomeou Dominguinhos do Estácio, sambista da escola de samba carioca Estácio de Sá, como padrinho do “Auto do Círio”.
À seguir, alguns momentos da encenação embalados pelos cânticos à N. Sra., cobertos de brilho e fé:
























Fabíola Corrêa
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Engendre la façon

ficou com o grande prêmio no 26º Salão Arte Pará
Ouvre
Régarde
Interager
Barrer une trace du réspiration
Sentir la sensation
Peindre
Écrire
Installer la installation
Filmer cette moment
Por quoi?
Qu’est-ce qu´il a sur le mur?
Avec noir, dormir le narcisism,
sous la imagination du décrire
PAragraphe
RApport.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Intolerância profissional
Pois bem, eu não sei se Marx previu isso que pude verificar, ou se posso me proclamar o herdeiro do seu legado: além de alienados, ficamos sectários em relação aos colegas que apertam o parafuso B. Basta frequentar um curso de Comunicação por exemplo, para ver como o estudante de publicidade despreza o de jornalismo e vice-versa. Isso se assemelha a conflitos religiosos entre judeus e muçulmanos (até na questão da raiz comum). Na minha sala havia uma clara fronteira geográfica - publicidade ao ocidente e jornalismo ao oriente. Às vezes alguns colegas (não sei se em missão de paz ou provocação), cruzavam a fronteira e se instalavam em território inimigo, gerando estranhamento. Havia também estudantes de jornalismo que se convertiam à publicidade, pelo menos nas relações pessoais.
Ainda não tinha despertado para a dimensão generalizada dessa situação até ontem, quando aconteceu de eu estar almoçando com profissionais e estudantes da área biológica. Conversa vai, conversa vem e eu boiando (eles estavam em calorosa discussão sobre quem iriam presentear com as preciosas bolsas de estudo). "Vamos ver como fulano se desempenha", falou uma jovem professora sobre um ansioso e brilhante calouro de 16 anos, tendo o destino do rapazito nas mãos. "Ele pensa que é só chegar e ir ganhando bolsa? Não é assim não, meu bem!", sapecou outra sobre mais um aspirante.
De repente eles notaram o elemento estranho que comia quieto, sem ter como tomar parte no julgamento, digo, na conversa - eu. A jovem, bonita e simpática professora quis saber o que eu fazia da vida. "Estudo jornalismo", respondi. Pra quê eu fui falar? Todos os pecados do jornalismo agora teriam de ser explicados por mim! "Por que quando damos uma entrevista sempre sai errado?", perguntou a inquiridora mais implacável. Tive vontade de dizer pra ela perguntar a quem a entrevistou por que diabos não escreve certo. Mas eu estava em território estrangeiro, devia ser diplomata. "Ah, é porque eles querem simplificar a história e têm pressa de publicar", falei (e não deixei de ser sincero). Fui alvejado por uma série de questões sobre se isso é certo ou errado, virei ouvidor da categoria - ou como se diz no jargão jornalístico, ombudsman. Prometi dar o meu jeito: "não se preocupem, suas queixas foram anotadas".
Mas eu comecei falando do Marx, trabalho especializado... ah, claro. Eu também fiquei curioso em partilhar um pouco do conhecimento específico daquele grupo. Acabei cometendo uma gafe gravíssima. Tomando refrigerante, uma das moças comentou que refrigerante na garrafa de vidro é mais gostoso. Um barbudinho concordou, opinando que é porque fica mais concentrado. Eu também sempre pensei isso! Fiquei feliz em ver minhas idéias defendidas por outros. Era a oportunidade: "Vocês que são da área, queria saber porque isso acontece", perguntei, com curiosidade de aprendiz de cientista. "Ih, isso é assunto de química", desprezou a jovem ao meu lado. O barbudo foi mais longe: "engenheiro de alimentos", balançando a mão em sinal de distância. Note-se: distância do engenheiro de alimentos, não da engenharia de alimentos. Enquanto isso, fiquei com a impressão de que só não sabia porque perdi na infância algum "X-tudo" ou "Mundo de Beckman" que falava exatamente disso.
O velho Marx, se fosse vivo, completaria a sua tese: a especialização causa alienação
do trabalho e desunião na classe trabalhadora.
Alan Araguaia
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Jornal de ontem, notícia de anteontem
A coisa está tão séria que não faltam metidos a sabichões a dizer (acho tão bonito a forma lusitana pro presente contínuo) que é "lugar comum" falar do aquecimento global, do tsunami, da escassez de petróleo... coisa de quem não tem o que falar. A sanha por um assunto novo a cada edição cega as pessoas. A nossa mania de não se aprofundar em nada, ver as coisas passarem, ainda nos leva pro buraco. Por falar nisso, alguém sabe como anda aquele da camada de ozônio?
Alan Araguaia
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
Velocidade de conexão
Nerusa Palheta
terça-feira, 21 de agosto de 2007
Bons momentos
acontece e traz vibrações positivas
momento bom é quando a alma dá saltos de felicidade
ou sente que de nada precisa
é calma, equilibiro, sabedoria
é estar em paz,
é estar bem em todos os sentidos
é se sentir amado, se sentir amigo
é estar feliz por estar vivendo aquele momento
é tão intenso que a gente quer que seja eterno
e é eterno enquanto dura
e se eterniza na memória
porque a vida é feita de momentos
e bons momentos fazem nossa história.
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
Princípe ou sapo... Eis a questão.
Desde a infância, as mulheres foram educadas e até persuadidas a esperar por um conto de fadas com direito a príncipe encantado daqueles que chegam na hora certa com uma atitude heróica acabam com os problemas e transformam positivamente a vida delas, um príncipe tão perfeito que em alguns momentos até se confunde com super herói, já que beijos com poder de ressuscitar e sapos que podem se transformar em homens maravilhosos, são inegavelmente super poderes!
Assim, crescem aguardando ansiosamente o momento de encontrar o príncipe encantado, de viver o conto de fadas, o final feliz... Mas infelizmente a maioria das histórias não tem roteiro bem escrito ou final cinematográfico. Então conhecem a desilusão, a dor e a frustração de acreditar... Seja em conto, fada, amor ou em alguém específico.
Ser mulher é sempre mais difícil e doloroso, pois é o sexo erroneamente denominado de frágil que agüenta as maiores dores. Até biologicamente falando, a mulher é mais forte, agüenta dor da cólica, da primeira transa, do primeiro filho... Agüenta dor de amor, dor de cotovelo, dor de ego ferido.
Amor de verdade é tudo que uma mulher quer e passa a vida toda procurando, roteirizando, fazendo filmes e trilhas sonoras mentais, idealizando a chegada do príncipe, seja a cavalo ou carro importado, desde que mude fantasticamente a vida dela e faça brotar sorrisos ao invés de lágrimas. Por isso o sexo feminino sofre demais, as mulheres têm um grau superlativo intrínseco em tudo que fazem. Vivem, amam, choram e esperam mais...
Em contrapartida, amadurecem primeiro, sobrevivem mais fortes, seguem firmes pelo caminho até o dia em que aprendem que contos de fadas não são reais, assim como não são os príncipes, sapatos de cristal e similares.
Depois dessa incrível descoberta aprendem a viver no mundo real em que até sapos estão em extinção, pois estes numa outra realidade podem até se transformar em príncipes, mas os pseudo príncipes da vida real, em que se transformarão?
Natascha Damasceno
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Por que escrever?
Sinceramente, sinto inveja das pessoas que não precisam escrever. São os tais "bem resolvidos", expressão cretina e de significado obscuro. Resolvidos do quê? Resolveram alguma coisa, resolveram a si mesmos? O que é que se resolve? A parte esses questionamentos próprios de "confusos", o fato é que essa categoria de iluminados esbanja espontaneidade, desencanação, falam e fazem as maiores cagadas e depois estão aí, lindos e serelepes, prontos pra atazanar de novo. Não vou cair na tentação de chamá-los de ignorantes, os despreparados que não tomaram a pílula vermelha (ou é a azul?), e não sei que mais historinhas inventadas pelos cabisbaixos pra dar uma turbinada no ego. Não pô, eles é que estão certos. Pra quê complicar a vida? A ordem é relaxar e gozar. Esse estado de espírito se aproxima do dos outros animais, e não falo isso pra sacanear. Os outros animais não têm todas essas categorias e sub-categorias em suas psiques, e não aparentam sentir a menor falta disso. Acho que o prêmio pra quem se comporta direitinho é voltar na forma de pássaro, leão, sapo...
É. Como eu ia dizendo, escrevo pra não pirar de vez. Tenho feito meditação também, ou pelo menos tentado. O importante é varrer uma série de inutilidades que povoam a cachola, e ficar só com o essencial. Os dois métodos funcionam. Claro que escrever é bem mais fácil, e justamente por isso é o que eu mais pratico. Quando eu atingir o nirvana, vou escrever só por diversão e com certeza por motivos profissionais. Talvez demore, talvez nunca aconteça. A gente faz o melhor que pode. Digo por diversão, porque percebi que tô dando uma dramatizada na minha situação. Tenho essas viagens. Já estava me imaginando o próprio Dostoievsky escrevendo sobre o que o levou a ser escritor. Por sorte eu tenho uma vozinha lá das profundezas que me alerta, serenamente, sobre os perigos da subida. Dificilmente eu a escuto, porque ela é super careta e eu ainda sou bastante rebelde. Só que ela sempre tem razão.
Não sei como continuar esse texto, mas teimo em continuar. Isso não é nada engraçado. Precisar escrever, não saber o que escrever e não querer escrever aquilo que se precisa. Apesar de tudo, não me lembro de paixão mais compulsiva do que esse meu hábito de escrever.
Alan Araguaia
domingo, 12 de agosto de 2007
A intérprete
Mas esses assuntos sociais, econômicos, políticos, e os domésticos, colocados pela sua voz adquirem um significado radicalmente novo. Você é a minha ligação com esse mundo que insisto em rejeitar, pois te amo e esse amor abarca as coisas que você ama. Quando te conheci, você estava rodeada daqueles sujeitos que eu repugno, e aos quais ironicamente sempre estou me igualando, tornando-me um deles, ou ainda mais mesquinho, hipócrita e vazio. Todos nós, homens da mesa, queríamos chamar a sua atenção, todos nós nos esforçávamos para ofuscar a inteligência alheia. Nessa guerrinha pelo direito de acasalamento eu adotava a estratégia do silêncio contínuo alternado por frases lapidarmente elaboradas. É óbvio que estava em grande desvantagem, por esse excesso de polidez e covardia dissimulada. Só que você era generosa com todos, distribuía sorrisos amáveis e respondia com grande interesse aos mais disparatados comentários. Aquele cara ao seu lado, o mais alcoólatra dentre nós, já tinha os olhos turvos e falava mais alta e ousadamente que os demais, e você gentilmente informou-lhe que estava exagerando. Reprovei com o olhar a forma condescente com que tratavas o néscio. Você já exagerava no espírito de caridade!
- Não sei porque ainda insisto em andar com vocês, bando de vermes. - falei em voz alta e rapidamente, como se fosse uma contração involuntária. E de fato era. Minha intenção era somente pensar. Entrei em pânico ao ver os olhares deles todos coléricos apontando estáticos em minha direção, e o seu ao ouvir tamanho absurdo. Eu quis sumir.
- Se andas com a gente, só é possível que sejas mais um verme, como nós. - finalmente disse aquele dentre eles que eu respeitava, o que aumentou a minha vergonha. Ele estava sério e visivelmente decepcionado com a minha arrogância. Eu me esforçava em encará-lo, realizando um esforço emocional olímpico. Eu pedi perdão e quis me levantar da mesa. Você deteve o meu braço, fitou os meus olhos, e disse, quase rindo:
- Ah, que bobagem! Senta aí! É visível que vocês se adoram, e por isso não se desgrudam!
Eu me acomodei de novo, enchi meu copo de vodca, e bebi até a metade. Só assim pude relaxar. Até fiz brincadeira sobre aquilo. Não me dei conta da hostilidade que ainda pairava sobre mim.
A mesa foi se esvaziando com o avançar da madrugada, te perguntei sobre o ônibus que ias pegar. Vibrei por dentro quando você disse que era tal, o que eu também pegava. Não precisaria mentir para te seguir. Passado o efeito do álcool, supus que me desprezavas pelo comentário de antes. Tomado de medo, procurei a tua boca e encontrei-a totalmente entregue. Nos despedimos aquele dia, te telefonei e por algum motivo, no meio da conversa, me entristeci profundamente, e não quis mais te ver.
Estamos aqui, após seis anos, reencontrados. Você viveu muitas coisas pelo que me conta, deu dez voltas pelo mundo enquanto eu não saí do ponto em que senti a tua boca totalmente entregue. Estás quase casada, é impossível negar o amor que envolve a aura comum de vocês dois. Não consigo me ressentir por isso. Te ver despertou em mim o há muito adormecido desejo de escrever. Mas deixo isso para depois. O mundo cantado pela tua voz soa com uma beleza indescritível.
Alan Araguaia
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
The wall
Mais um mês, outro verão. Acabou. Foi julho, é agosto.
O ontem das praias lotadas, das sestas e das paqueras. Um quê de religioso, a bebida faz-se sagrada nas “louras” dos botecos, “engarrafando” as mentes. Desfrute do descanso, dias de revisão. Manutenção. Modificação.
Mudar, o tempo todo. Sempre. Cada minuto, segundo , milésimo de segundo. Um grão de areia move-se, e o que era há um instante, se desfez... A gota d’água evaporou, alguém chorou, outro sorriu, enquanto partiram-se. Partiu, o que foi, o que éramos, o que se construiu.
Mas a vida é assim, uma eterna construção e destruição. Shiva, renova! Aponta sua trishula para os homens. Retire a inércia e instale o bem, alegria e amor.
Confraternizamos, conversamos, compartilhamos, descansamos. É tempo de renovar, olhar a si e ao próximo, inicia um novo ciclo. Momento de trabalhar duro, cumprir os deveres e exigir os direitos.
Basta de impunidades! Não vendam a ilusão.
Expulse a inércia, convide o trabalho. Pensai-vos em prol de cada um e de todos nós.
Julho, se foi. Vivemos, está lá.
Agosto... Mês de confraternizações, renovações e reordenações.
Qualquer coisa que façamos em prol de nosso próprio bem-estar e no dos outros, é construtor. Elevarmos-ei o muro das virtudes!
Não queimem florestas, nem roubem ou joguem lixo na rua. Ame(é)m!
Nosso bem-estar é o resultado do convívio harmonioso entre todos.
Damaru, tocai a canção. Controle o tummo.
Re-união.
A parte 1 do vídeo foi publicada no dia 17 de março de 2007.
terça-feira, 31 de julho de 2007
Os conhecidos também morrem
Fui aluno do Lauande no segundo ano do ensino médio, no CEFET, numa época em que fui comunista, assim como ele. Um comunista não muito autêntico, com muitas dúvidas políticas e existenciais - esse tipo de coisa que vai minando o comunista. O próprio Lauande era um comunista do século XXI, pois defendia a democracia. Também tinha toques de anarquismo, já que não tolerava provas e notas. Todo mundo tirava 10 com o Lauande, mas era perceptível a olhares mais atentos que para ele aquilo não passava de números, exigências canhestras do sistema de ensino capitalista. O que ele pretendia enquanto professor era esgrimar contra o comodismo pequeno-burguês de nós, adolescentes. Isso com um fino senso de humor, de forma que as provocações passavam desapercebidas a muitos. Não durou muito como nosso professor. Logo foi substituído por uma gordinha que adorava provas, notas e listas de frequência. Mas que era só isso.
É o que eu lembro de Lauande e foi assim que nossas existências se cruzaram. Ele, em sua solicitude, ainda nos deixou no quadro o seu email. Lembro que anotei e que começava com a palavra "mocajuba" e o número 21. Vendo o perfil no seu blog, entendi que Mocajuba tinha um significado especial para ele. Já pensei em mandar um email para ele, mas é aquilo que já falei: nunca pensei que ele fosse morrer.
Alan Araguaia
sábado, 21 de julho de 2007
Verdadeiros amigos

Amizade é ligar no meio da noite para saber como está, dar boa noite e receber um sorriso em troca, abraçar, apoiar, chorar junto, chamar a atenção, rir, cochichar, olhar ternamente, aconselhar...
Não é qualquer um, o colega, alguém que conhecemos ontem e nos chamam de “amigo” porque simpatizou ou nos achou “legal”. Amigo não nasce do nada, de um dia para o outro, do inoportuno. É um processo de caminhar, construir a confiança e o sentimento de fidelidade.
Palavra tão proferida, carrega um forte significado muitas vezes profanado e jogado ao vento. Tão profundo, é fortaleza, verdadeiro e lúcido.
Um amigo que trai, nunca foi amigo, porque os verdadeiros são fiéis. Assim como Deus e nossos pais, as grandes amizades acontecem pelo amor, carinho, atenção e empatia. Professores e alunos, todos os são. Estamos sempre ensinando e aprendendo.
Eles dão o chão que nos falta, cintilam entre o céu estrelado, florescem os campos verdejantes, ouvem-nos como músicos e nos amam incondicionalmente. Amar, sentimento que move o mundo, é a base das verdadeiras relações de amizade. O amor constrói.
Tal diz a música, “amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito...”.
Amigo é assim, nos diz o quanto somos importantes sem precisar usar as palavras, ama pelo que somos, compreende e confia. É o irmão que não se teve, uma extensão da família.
Amigo é isso, não sei explicar. Ele É.
Amo-os, amigos.
"Here comes the sun", cantada por Nina simone. Música dos Beatles composta por George Harrison.
terça-feira, 3 de julho de 2007
Metalinguagem 2
Esse ano tivemos um Intercom-Norte sediado aqui, e posso dizer que valeu o esforço - estive ajudando na organização. Os laboratórios, especialmente o de TV, melhoraram bastante, com novos equipamentos e técnicos.
Existe uma nova geração de estudantes que encaram a universidade como algo além das salas de aula. Cito em especial o pessoal do Cardume, que traz computador e datashow de casa, corre atrás de autorização para usar os auditórios e loca os filmes (de última hora, mas locam) para exibir de graça, tudo por conta própria, sem esperar os messias estudantis ou a misericórdia institucional. Enfim, o curso de comunicação respira novos ares.
As críticas pontuais se referem ao seguinte: o desleixo da coordenação do curso quando se trata da contratação de professores substitutos. Vejam, não é preconceito contra os professores substitutos, porque ser substituto não é atestado de incompetência. Prova disso é que atualmente temos professores dessa situação empregatícia bastante dedicados e qualificados. Mas por que, sempre que se abre concurso, aparece uma ou outra peça que deveria passar longe de uma universidade?
Pessoas que declaram abertamente não gostar de dar aula, estarem só fazendo um "bico"; outras que não tem condições mentais e/ou emocionais para exercer a função. Depois, o aluno passa por chato, por aquele que exige muito e não olha pros seus próprios atos, quando se revolta com eles e organiza abaixo-assinado, discute com professor em sala de aula... eu acho que antes não ter ninguém do que ter alguém pra "avacalhar" ou só pra dizer que o quadro de professores está completo.
Ora, esse artigo é bem factual... os estudantes de jornalismo da federal bem o sabem.
Alan Araguaia
sexta-feira, 29 de junho de 2007
Perdão

Perdão Senhor
Perdão Mãe
Perdão Divino
Perdoa amém
Perdão mãe
Perdão pai
Perdão irmão
Perdão avós
Perdão tios e tias
Perdão primos e primas
Perdão amigos
Perdão professores
Perdão ex
Perdão és
Perdão sim
Perdão (aos) saudosos
Perdão amados
Perdão apaixonado
Perdão sincero
Perdão aos que machuquei
Perdão aos que ainda não perdoei
Perdão aos que ainda não me perdoaram
Perdão pelos atos
Perdão pelo olhar
Perdão pelo sentir
Perdão perdido
Perdão partido
Perdão parido
Perdão esquecido
Perdão lembrado
Perdão guardado
Perdão falado
Perdôo
Perdoei
Perdoai-me.
Fabíola Corrêa
"Empty house" - Air
sábado, 23 de junho de 2007
Metalinguagem
Esta postagem é para falar de nós mesmos. Muita gente não sabe, mas ontem foi encerrado o IV Congresso Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação da Região Norte, o Intercom Norte, que aconteceu em Belém de terça (19/06) a sexta (22/06). Antes de tudo, esta é uma postagem de agradecimento.
O controversus foi eleito pela comissão julgadora do Expocom Norte (Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação da Região Norte) como o melhor trabalho da Região Norte na categoria Jornalismo, modalidade Revista Digital. O Projeto Controversus agora será apresentado em Santos, no Intercom nacional. Nosso blog é o representante da Região Norte (muita responsabilidade!).
A equipe do Controversus gostaria de agradecer, primeiramente, a todos os professores do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Pará, tanto os de jornalismo quanto publicidade, pois nós acreditamos numa formação plena, interdisciplinar, híbrida. São estes princípios que nortearam e norteiam as intervenções neste blog.
Mais especificamente gostaríamos de agradecer ao Professor Lázaro Magalhães, que nos deu todo o apoio e acreditou no projeto desde a sua fase de elaboração, na disciplina do Laboratório de Jornalismo Digital e Novas Mídias, até agora, quando ganhamos (ele fez inclusive uma "revisão" conosco das características principais da hipermídia, hehehe) . Valeu Lázaro!
De fato, o Intercom Norte foi uma vitrine dos trabalhos da UFPa. Apesar de todas as críticas (pertinentes) feitas ao curso de Comunicação Social, pelo menos 70% dos trabalhos experimentais aprovados são da Federal. Isso mostra, sem demagogia, que nossa formação não é tão deficiente assim. Claro, muita coisa ainda precisa mudar, e pra isso precisamos da compreensão e união de alunos, professores e profissionais. Essa luta é nossa e é interminável.
Não podemos deixar de dizer que alguns bons trabalhos de universidades particulares, como Unama e Iesam, por exemplo, também estão representando a Região Norte. Isso é um sinal que a mentalidade das universidades particulares de Belém está começando a mudar, sendo que muito dessas mudanças são resultados de intervenções dos profissionais (principalmente os professores) que atuam nessas universidades e estimulam os alunos a participarem de um congresso como esse, provocando o pensamento crítico (em especial sobre a Amazônia) e a uma experiência de vida diferenciada, com o contato com produtores de conhecimento em toda a região Norte.
A equipe gostaria de agradecer também à coordenadora do Intercom Norte, Professora Maria Ataíde, por ser prestativa e simpática conosco no cogresso inteiro. Alguns membros do Controversus, como a Fabíola e o Alan, tem mais agradecer do que eu. Eles participaram da comissão organizadora do Intercom e trabalharam diretamente com ela. Eu conheci a Ataíde há pouco tempo, e a escolhi como orientadora do meu trabalho de conclusão de curso. Ela aceitou. Bom pra mim :) Ela é uma pessoa dedicada e determinada, que chegou na UFPa recentemente, há apenas de dez meses. O Intercom Norte foi considerado, pelos representantes da organização nacional, o maior encontro de Comunicação da Região Norte, tanto em termos qualitativos como quantitativos (mais de 1000 participantes). A Comunicação Social da Região Norte, principalmente em Belém, agradece a ela. Com esse congresso, ela conseguiu mostrar pra nós estudantes, professores e profissionais de comunicação, que é possível mudar, é possível fazer diferente, é possível fazer a diferença.
Eu gostaria de agradecer à minha companheira ( namorada e melhor amiga) Ana Paula Freitas, que elaborou um desing mais arrojado para a minha apresentação no Expocom Norte (tava tudo em preto-e-branco, só texto, muito ruim mesmo!), além de me apoioar sempre, pricipalmente depois que recebi a notícia que iria apresentar o blog.
Por último, agradeço aos meus amigos do Controversus:
Natascha Damasceno, pelas suas contribuições para as dicussões no blog.
Fabíola Corrêa, que apesar de me dar essa apresentação em cima da hora, correu tudo bem. Ela foi a pessoa que mais acreditou nesse projeto, sempre o alimentou e quis levá-lo até o fim.
Nerusa Palheta, grande amiga, apreciadora das artes, da fotografia e dos clássicos da música brasileira, como mutantes , secos e molhados, etc. Muitos debates rolaram a partir daí.
Alan Araguaia: grande amigo (melhor amigo) do curso de Comunicação Social da UFPA. Nossas discussões vão desde a sala de aula até a mesa de bar, claro. Já chegamos ao absurdo de ler Platão, "A insustentável leveza do ser" e "Os carbonários", por exemplo, no Copo Sujo e em outros bares perto da saída da Federal, não dá pra lembrar o nome de todos porque alguns não tem nome e minha memória também não é tão boa assim.
Obrigado a todos!
Fabrício Mattos
domingo, 17 de junho de 2007
Amar, amor

Ontem conversava com uma amiga e falávamos de nossas aventuras e desilusões amorosas, de pessoas que passam em nossas vidas e deixam marcas intransponíveis, como furacões: Chegam, arrasam e vão embora. O que fica?
Bem, depende de como encaramos essas histórias. Às vezes, nem nós mesmos entendemos o que sentimos, há mágoas, ressentimentos, decepções e frustrações. Confusos, damos um passo adiante, em busca do crescimento .
Algumas pessoas entram e saem de nossas vidas sem avisar, e quando nos damos conta, ficou-se uma marca, que sangra, sangra até cicatrizar. Quando tudo parecia mágica, o momento perfeito, tudo se esvai. E o que mais dói? É o desrespeito, a incompreensão, a falta de carinho. Você se dedica a alguém e investe seu tempo e energia, mas a recíproca não é verdadeira. Em troca, um beijo de consolo e, quem sabe, uma noite de amor. Amor, mas o que é isso? Quem inventou essa história de amar?
Em um sentido amplo, amor é um forte sentimento de apego. Origina do latim amore,definido pelo Dicionário Aurélio como “(s.m.) 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa... 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção; culto; adoração... 9. Afeição, amizade, carinho, simpatia, ternura. 10. Inclinação ou apego profundo a algum valor ou a alguma coisa que proporciona prazer, entusiasmo, paixão”.
Existem tantas formas de amar: próprio, a Deus, de mãe, filho, amigo, companheiro, etc. E tipos de amor: fraternal, sentimental, sexual, platônico, romântico. A certeza de que estamos inebriados de amor entre parceiros é quando sentimos pelo outro admiração e desejo sexual, companheirismo, dedicação, afeto e respeito.
Segundo o apóstolo Paulo, “o amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (I Coríntios 13: 4-7).
O processo químico envolve os neurotransmissores dopamina, feniletilamina e o hormônio ocitocina, este último exerce um importante papel no estímulo sexual e na reprodução humana. A dopamina é sintetizada por certas células nervosas que agem em regiões do cérebro promovendo, entre outros efeitos, a sensação de prazer e a motivação. Já a feniletilamina é responsável pelas sensações e modificações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados, controlando a passagem da fase do desejo para a fase do amor, está presente no chocolate e é usado na elaboração de substâncias psicoativas, pois proporciona a sensação de prazer, a exemplo do ecstasy.
A Dra. Helen Fisher, antropóloga da Universidade Rutgers e autora do livro The Anatomy of Love, fez um quadro com as várias manifestações e fases do amor e suas relações com diferentes substâncias químicas no corpo:
Manifestação | Conceito | Substância mais associada |
Luxúria | Desejo ardente por sexo | Testosterona |
Atração | Amor no estágio de euforia, envolvimento emocional e romance | Altos níveis de dopamina e norepinefrina Baixos níveis de serotonina |
Ligação | Atração que evolui para uma relação calma, duradoura e segura | Ocitocina e vasopressina |
Fonte: Site BoaSaúde, texto A Paixão sem Mistérios? A Anatomia, a Química e a Biologia do Amor
Como se vê, amor envolve todo um processo de substâncias e não está ligado somente aos sentimentos. Ah, mas o furor das emoções, do olhar terno, do beijo caloroso e do afago carinhoso, isso ninguém explica.
Voltando a conversa sobre relacionamentos, cada um define o grau de importância que outra pessoa tem para nós. Ainda que duas pessoas estejam juntas, o grau de interesse pode não ser igual, podendo significar um breve momento para um ou um duradouro compromisso para outro.
Amar é tão bom, é o nosso combustível que nos faz viver, impulsiona para frente e nos dá força, estimula e cativa. Mesmo que nos decepcionemos, que alguém não seja o que esperávamos que fosse (seja pelas atitudes, pelo tratamento e envolvimento), ainda nos resta a esperança de achar o verdadeiro amor.
Olhar para trás, sentir tristeza e decepção, e acreditar que o novo virá e sorrirá para você é chamado de “esperança”. Esperar que algo de bom venha nos agraciar, de que, como sendo únicos, completamo-nos por si sós, e amemos ao nosso ser e de que outro nos aceitará como somos, repletos de virtudes e defeitos.
Eu espero por muitas coisas, sucesso, realização profissional e pessoal, o amor verdadeiro. Eu e a torcida do Flamengo. Enquanto isso não vem, a gente vai trabalhando pra ter, caindo e aprendendo, deixando pra trás as pedras do passado e sorrindo para as flores do presente.
"Only you", Portishead